O peso da dívida de África aos seus credores bilaterais e multilaterais tornou-se “uma ameaça existencial para as sociedades, economias e o futuro” dos povos africanos desde o surto da pandemia do novo Coronavírus, disse hoje o presidente da Câmara dos Representantes da Nigéria, Femi Gbajabiamila, numa reunião virtual com os seus homólogos africanos.
“Todos concordamos que o peso da dívida de África se tornou uma ameaça existencial para as nossas sociedades, as nossas economias e o nosso futuro”, afirmou Femi Gbajabiamila, ajuntando que o “custo da dívida, face à despesa com educação e saúde, é uma ameaça à estabilidade e ao desenvolvimento do continente” africano, “especialmente na era da COVID-19”, de acordo com a Lusa.
Falando no âmbito da criação da Conferência Africana dos Líderes Parlamentares – órgão criado para facilitar a colaboração entre os parlamentos, os líderes parlamentares e as assembleias nacionais – o presidente da Câmara dos Representantes da Nigéria advogou o perdão de dívida aos credores bilaterais e multilaterais para os países africanos em dificuldades.
“Quando nos encontramos numa situação em que temos de fazer escolhas políticas entre pagar as dívidas ou salvar vidas, sabemos que algo não está moralmente certo”, disse o parlamentar, segundo o Observador.
Femi Gbajabiamila acrescentou, de acordo com a fonte acima referida, que “se queremos um cancelamento da dívida, temos de ser capazes de construir a confiança dos credores que o cancelamento vai realmente salvar vidas e rendimentos em todo o continente e nós, como presidentes dos nossos parlamentos, vamos garantir que esse é realmente o caso”.
Em Abril passado, o G20, o grupo das 20 nações mais industrializadas, acordou uma suspensão de 20 mil milhões de dólares, em dívida bilateral para os países mais pobres, muitos dos quais africanos, até final do presente ano, desafiando os credores privados a juntarem-se à iniciativa.