Adelino Muchanga não concorda com a ideia de que há muita corrupção entre os juízes. O Presidente do Tribunal Supremo reage assim, aos pronunciamentos da Procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, que no seu último informe, apontou a classe como estando entre as mais corruptas do país.
É a primeira vez que o órgão responsável pela gestão da disciplina dos juízes reage às palavras de Beatriz Buchili. Adelino Muchanga defende-se e diz não ser verdadeira a percepção de que a classe seja muito corrupta. “Reconhecemos que há casos, mas isso não significa que porque há um e outro caso na magistratura, isso signifique que a maioria dos magistrados sejam corruptos, ou que a magistratura seja o principal foco de corrupção, acho que aí há uma interpretação errada”, reagiu.
O Presidente do Tribunal Supremo rebateu as críticas e defendeu que os casos mediatizados são fruto do seu trabalho.
“Se não puníssemos os magistrados, envolvidos em actos de corrupção, se calhar diríamos que não há corrupção. Mas porque as magistraturas estão a ser rigorosas e a expurgar os maus e a punir as pessoas que se envolvem em actos de corrupção dá a sensação de que há muita corrupção, mas não. É porque, precisamente, queremos tornar as magistraturas livres de indivíduos envolvidos em actos de corrupção”, explicou.
Muchanga vai mais longe e diz que qualquer pessoa pode ser corrupta, mas os juízes estão proibidos de o ser.
“A Corrupção é intolerável, se todos podem ser corruptos, os magistrados estão absolutamente proibidos de o ser. E isso é de conhecimento de todos os magistrados e não temos nenhum receio de agir. Quando surge uma situação em que está envolvido um magistrado, o conselho tem sido implacável”, terminou.
Lembre-se que, no seu último informe, a Procuradora-geral da República anunciou que devido à corrupção, envolvendo na sua maioria agentes da Polícia, do sector da Justiça e da Educação, o Estado foi lesado em mais de 300 milhões e meticais, em 2021.