A cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, acolheu, ontem, o lançamento da 6ª edição do concurso 100 PME, num evento marcado pela presença da governadora da província, Celmira Pereira.
Depois de Sofala, Nampula e Tete, foi a vez do empresariado de Cabo Delgado testemunhar o lançamento da 6ª edição do concurso 100 Melhores PME, evento co-organizado pelo Grupo Soico e pelo Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas, IPEME, com a finalidade de promover boas práticas empresariais e um ambiente de competitividade saudável entre empresas.
E porque Cabo Delgado é uma terra de oportunidades, com a ocorrência de recursos naturais diversos, que incluem o gás, pedras preciosas e potencial turístico, a governadora de Cabo Delgado chama atenção para a necessidade de se investir na transformação da produção local.
“A nossa província tem muito ainda por fazer na área das Pequenas e Médias Empresas. Esta área deve florescer no sentido de trazer produtos e soluções para o mercado. Pode sim preocupar-se com o conteúdo local, pode sim preocupar-se com a indústria do gás, mas nós temos uma população que está sempre à espera dos serviços que possam surgir. E aqui queria colocar enfoque muito especial no processamento dos nossos produtos”, disse a governadora.
O administrador do Grupo Soico, Aniceto Manhique, acrescentou a necessidade de cooperação entre as empresas no sentido de fortalecer a cadeia de valor.
Um aspecto novo nesta edição do concurso 100 Melhores PME é a introdução da certificação de qualidade como uma das categorias de premiação, tudo para assegurar os melhores padrões de qualidade aos produtos e serviços das empresas nacionais, segundo o director do IPEME em Cabo Delgado, Ramadane Ernesto.
Organização das empresas é prioridade máxima
Contabilidade organizada, acesso ao financiamento, contratação dos serviços de seguro foram os grandes temas abordados pelos parceiros do concurso 100 Melhores PME. Há um entendimento de que as PME nacionais ainda têm longo caminho a percorrer para se tornarem competitivas e o apelo feito por todos os parceiros é para uma mudança de abordagem na sua estrutura de gestão.
O bastonário da Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique, Mário Sitoe, traçou o perfil que considera adequado na postura dos profissionais de contabilidade, lamentando o facto de, muitas vezes, estes não responderem, ao mesmo tempo, às necessidades dos gestores, dos accionistas e da sociedade em geral.
As empresas são também chamadas a assimilar a cultura de contratar serviços de seguros. Miguel Jóia, representante da Índico Seguros, recorreu a exemplos para explicar a relevância dos seguros nas empresas. Protecção do património é o maior ganho da adopção dos serviços de seguro pelas empresas.
Também foi abordada a questão do acesso ao crédito, uma das maiores barreiras à actividade das PME. Rosa Cerra, do BCI explica que uma das razões é a falta de uma estratégia de actuação, isto é, as PME nacional têm dificuldades de responder ao banco, quando vão solicitar financiamento, como é que pretendem actuar de ponto de vista de recursos humanos, público-alvo, tipo de produto ou serviço a colocar no mercado, entre outros aspectos.
A Intertec, que se tornou parceira da iniciativa nesta edição, olha para a certificação de qualidade como prioridade máxima, já que os investimentos na área do gás estão a porta e a qualidade é um dos pontos fracos das PME nacionais.
Tatos Botão, empresa baseada na Beira, apresentou a sua experiência de sucesso nas operações com grandes empresas. Mas também alertou para o risco das empresas nacionais perderem oportunidades, se não se prepararem.
Este ano, o concurso 100 Melhores PME realiza-se sob o lema “Fortalecer as Cadeias de Valor e Conteúdo local.