Apesar do acordo entre a Rússia e a Ucrânia sobre a exportação de cereais, o trigo poderá ficar mais caro este semestre. Para evitar isso, a empresa Silos e Terminal Graneleiro da Matola, STEAMA, diz que as moageiras têm de ser céleres na importação.
Na última sexta-feira, a Rússia e a Ucrânia pegaram em esferográficas para assinar um acordo. A ideia era assegurar que os dois possam voltar a usar o Mar Negro para a exportação de cereais e fertilizantes, produtos dos quais os dois países são potências. O acordo rubricado na Turquia, na presença de António Guterres, secretário-geral da ONU e Recyp Erdogan, Presidente turco.
Em entrevista exclusiva ao “O País”, O presidente do Conselho de Administração da empresa Silos e Terminal Graneleiro da Matola (STEAMA), Arlindo Chilundo, afirmou que se trata de um passo que representa uma “esperança de que Moçambique poderá receber mais trigo”.
Uma esperança que, na verdade, pode estar próxima da realidade. Colocando de lado as contestações de analistas internacionais sobre lacunas contidas no acordo, há uma questão a colocar: a que custo Moçambique receberá o produto? A resposta é: alto, o custo vai ser alto.
Por que o preço seria alto se a oferta cresceu? Chilundo explica que, com este acordo, o mercado ganha expectativas de supressão do défice do trigo que se verifica a nível mundial. Essa necessidade pode fazer com que a procura seja maior do que a oferta.
Aliás, embora seja prorrogável, o acordo tem prazo de quatro meses. Isso pode fazer com que os países queiram evitar voltar a sofrer pelo mesmo motivo. Daí que “pode acontecer que, devido a uma procura exacerbada, os preços subam”.
Sem alarmes, até porque a assunção não é de quem controla o futuro. Ademais, Arlindo Chilundo sabe onde pode estar a solução disto tudo: as moageiras. Como? As moageiras teriam de ser céleres.
“Tudo depende da celeridade, da destreza, da habilidade e da agressividade, acima de tudo, das moageiras no mercado global. Neste momento, há muitos competidores; toda a gente quer trigo porque se está a sofrer, há défice”, explica o gestor máximo da empresa que gere a logística dos cereais em Moçambique, pelo menos na sua maioria.
Fora dessa celeridade das moageiras, Chilundo diz que há uma outra solução, mas essa é a médio e longo prazos: a produção.
“Uma vez que esse acordo não prevê apenas a exportação de cereais, como também de fertilizantes, penso que, como país, devíamos concentrar a nossa atenção também na importação de trigo, para que possamos revolucionar a produção agrícola no nosso país.”
Para isso, seria necessária uma mão do Governo para incentivar a revolução agrária e o aproveitamento de todas as potencialidades que o país oferece para produzir mais e reduzir a completa dependência das importações.