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Populares expulsam alguns trabalhadores de hotéis em Bazaruto 

Tudo começou no passado dia 11 de Janeiro, quando vídeos amadores começaram a circular nas redes sociais, em que alegadamente populares da Ilha de Bazaruto expulsavam turistas, no âmbito das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane.

Na verdade, os vídeos retratam o momento em que a comunidade exigia a saída do arquipélago, de alguns trabalhadores de alguns complexos hoteleiros.

Os jovens ouvidos pelo “O País” e que estavam no momento em que tudo aconteceu, dizem que se queixam de uma série de problemas que vivem na Ilha e que pretendem ver resolvidos.

Entre os problemas está a falta de oportunidades de emprego para muitos membros das comunidades nos complexos hoteleiros, pois sempre que solicitam recebem informações de que não há vagas para trabalhar, mas tempos depois percebem que novas pessoas de fora da Ilha foram contratadas, factos que lhes deixa inquietos.

Diante da situação, eles ficaram furiosos e por isso decidiram mandar embora da Ilha, aqueles que segundo eles é que promovem tal situação. Relatam que entre os visados que fazem a gestão de recursos humanos dessas empresas, há quem solicita valores monetários ou favores sexuais, como contrapartida para trabalhar nos hotéis.

Américo Santos é um dos jovens ouvidos pelo “O País” e contou que estas inquietações já foram apresentadas ao governo local, que entretanto não deu atenção aos mesmos para resolver e como forma de chamar atenção das autoridades decidiram expulsar aqueles trabalhadores.

Gaspar Alberto é outro jovem que conversou com a nossa reportagem e esclareceu que a comunidade não tem problemas com turistas que podem continuar a visitar o Arquipélago, pois reconhecem que é deles que vem boa parte da ajuda que recebem para melhorar a vida dos ilhéus.

Depois do episódio do dia 11 de Janeiro, as lideranças locais dizem que foi constituído um grupo de trabalho, que servirá de elogio entre as comunidades e as estâncias hoteleiras, no sentido de serem eles que vão levar aos Hoteis todas as preocupações das comunidades e será com eles que serão discutidas as propostas de soluções do problema.

O “O País” apurou que durante a confusão do dia 11 de Janeiro, a comunidade não invadiu e nem vandalizou nenhum complexo hoteleiro, como também não atacou nenhum turista. Aliás, no momento em que tudo aconteceu, havia no local turistas que assistiram o cenário e em nenhum momento foram ameaçados, segundo apuramos com os gestores de vários hotéis.

Um desses hotéis é o Anantara Resort, por sinal o maior do arquipélago, para falar com o gestor que disse que tem o hotel tem prestado apoio às comunidades desde a construção de salas de aula, apetrechos a unidade sanitária ou socorro a doentes graves para o continente, atribuição de bolsas de estudo a membros das comunidades das Ilhas para continuar a formação na zona continental, aquisição de uniformes escolares entre outras modalidades de apoio.

Christian Sanchez revela que dos cerca de 170 trabalhadores do Hotel, 109 são nativos das Ilhas e que estão em diversas áreas de actuação.

Devido às manifestações pós-eleitorais e a confusão criada em Janeiro deste ano, a empresa já perdeu cerca de 100 milhões de meticais. Segundo Sánchez, apenas este mês a empresa Já deixou de encaixar cerca de 40 milhões de meticais com a ausência quase total de turistas e entre os meses de Outubro a Dezembro do ano passado, a empresa deixou de encaixar para os seus cofres, cerca de 90 milhões, uma vez que a taxa de ocupação não era igual a de anos anteriores.

O nosso entrevistado revela ainda que os cancelamentos chegam todos os dias e com as incertezas políticas, chegam também as incertezas sobre a presença de turistas nos próximos meses. É que a empresa tem custos operacionais elevados e sem entrada de dinheiro fica difícil suportar custos como eletricidade, salários, manutenções entre outros, que chegam a ser de mais de 10 milhões de meticais por mês.

O administrador do Parque de Bazaruto diz que de forma imediata estão a trabalhar com as comunidades para encontrar soluções para o problema, a fim de que a situação volte à normalidade.

Armando Nguenha diz que é seguro viajar para Bazaruto, pois não há nenhum ataque a estâncias hoteleiras e nem a turistas.

 

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