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Polícia neutraliza caçadores furtivos e apreende seis armas de fogo

A Polícia da República de Moçambique, em colaboração com os fiscais do Parque Nacional de Gorongosa (PNG) acabam de desmantelar em Sofala, uma quadrilha de caçadores furtivos, composta por três indivíduos, e apreendeu seis armas de fogo, sendo algumas do tipo AKM e as outras de fabrico caseiro, três carregadores e mais de 100 munições.

Dois dos três elementos da quadrilha estão a contas com as autoridades policiais e um terceiro integrante fugiu. Os caçadores furtivos foram neutralizados no interior do Parque nacional de Gorongosa. Um dos detidos, em contacto com este jornal alegou que era um curandeiro e que estava a busca de plantas medicinais para curar os outros dois indivíduos e que não sabia que na pasta que um dos suposto doente, continha armas de fogo.

“Sou curandeiro e resido na província de Niassa. Desloquei-me a província de Sofala a pedido dos senhores Tobias e Zefanias. Os dois pretendiam receber tratamentos. No dia em que fomos detidos caminhávamos pela mata no distrito de Gorongosa, a procura de plantas medicinais para dar seguimento aos curativos. De repente vimos um grupo composto pela polícia e fiscais do PNG. Um dos meus doentes pôs-se a correr logo que viu os fiscais e deixou cair uma sacola. Eu fiquei incrédulo pela atitude do mesmo, pois não entendi porque estava a fugir. Fiquei ainda mais incrédulo quando os fiscais abriram a sacola, pois no seu interior continha armas de fogo e fomos apontados como caçadores furtivos, o que não é verdade”.

A Polícia garante que os indivíduos ora detidos, fazem parte de um grupo de caçadores furtivos que nos últimos dois anos operaram na reserva do Niassa, na província com o mesmo nome, na reserva de Marromeu e no PNG, em Sofala.

Daniel Macuácua, porta-voz da PRM em Sofala, explicou que em finais do mês de Abril, os fiscais da reserva de Marromeu suspeitaram de alguns movimentos anormais em alguns pontos e puseram-se em alerta.

“Nós pensamos que estes caçadores furtivos notaram que os seus movimentos estavam a ser seguidos e acabaram abandonado a reserva e seguiram para o PNG. Mas aqui estes já estavam em alerta e em colaboração com a polícia dois dos três caçadores furtivos foram neutralizados assim como as suas respectivas armas, seis no total, munições e carregadores”.

A polícia explicou ainda que durante as investigações concluiu, depois de cruzar dados com as outras províncias, que e o líder do grupo é o suposto curandeiro, pois o mesmo já esteve detido em Niassa indiciado de caça furtiva há cerca de dois anos, mas foi solto por falta de prova. Neste momento decorrem outras investigações por forma a se apurarem possíveis mandantes e compradores. Acreditamos que se trata de uma rede que tem estado a dizimar os nossos recursos faunísticos e vamos investigar este caso por forma a neutralizar o terceiro elemento fugitivo e outros possíveis envolvidos”.

Outros casos

Nos últimos oito meses foram neutralizados em Sofala, três quadrilhas de caçadores furtivos e seus respectivos mandantes e compradores, uma operação que envolvia professores, fiscais do PNG, comerciantes dos distritos de Cheringoma e Marromeu, um membro da Frelimo e outro da Renamo, assim como cidadãos de nacionalidade asiática que se dedicavam a compra e venda de marfim.

O primeiro caso foi registado em Setembro do ano passado e envolve três docentes primários do distrito de Cheringoma e igual número de fiscais do PNG. Estes foram neutralizados num posto de controlo por guardas florestais na posse de pontas de marfim e pedras preciosas e tentaram subornar as razões que ainda não foram clarificadas.

O segundo caso foi registado em Fevereiro deste ano, no distrito de Marromeu, onde um comerciante local foi detido na posse de quatro pontas de marfim, disfarçadas num saco que continha farelo. O mesmo seguia a cidade da Beira onde supostamente se encontravam os compradores.

O terceiro caso foi registado em finais de Março. A polícia neutralizou, na cidade da Beira, uma quadrilha composta por cinco indivíduos, entre eles, um membro do partido Frelimo, um guerrilheiro da Renamo e três comerciantes, sendo dois do distrito de Nhamatanda e um da cidade da Beira. Os mesmos pretendiam vender as pontas de marfim a um casal de origem asiática, ora em parte incerta. Todos estes casos aguardam julgamento.  

 

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