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PMA está sem dinheiro para apoio alimentar a deslocados do terrorismo

Cerca de um milhão de pessoas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa ficarão sem assistência do Programa Mundial de Alimentação (PMA) em Fevereiro. O facto deve-se ao défice orçamental de mais de 100 milhões de dólares, segundo avançou, hoje, a directora nacional da instituição.

O Programa Mundial de Alimentação não tem condições para oferecer cesta básica (arroz, feijão, óleo e suplementos para crianças) a deslocados do terrorismo no próximo mês.

“Não temos fundos suficientes, por isso teremos que suspender a assistência humanitária no mês de Fevereiro, isto porque queremos dar assistência no mês de Março, que ainda é época de escassez e antes da colheita”, revelou Antonella Daprile, directora nacional do PAM.

O Programa Mundial de Alimentação está com um défice de 102.5 milhões de dólares no seu orçamento para continuar a apoiar um milhão pessoas, entre deslocados do terrorismo e comunidades acolhedoras, mas diz que continua a bater a portas de modo a reverter o cenário.

“Procuramos aumentar todos os esforços para trazer mais programas sustentáveis e mais vinculados ao desenvolvimento, sobretudo em temas como agricultura sustentável e adaptada às mudanças climáticas”, afirmou Antonella Daprile.

O PMA lamenta não poder apoiar as comunidades durante trinta dias, porém espera conseguir angariar fundos para dar continuidade aos apoios nos próximos seis meses.
“Estamos a fazer uma campanha de sensibilização com todas as comunidades, para que compreendam que a produção de Janeiro que está a terminar e deve servir para cobrir algumas necessidades em Fevereiro”, explicou a directora-geral, que aproveitou a ocasião para apelar aos parceiros para que continuem a dar a sua ajuda, pois mesmo a retoma do apoio em Março só será feita com o colaboração da USAID, entretanto “é preciso que seja um trabalho de engajamento de todos”.

A embaixadora dos Estados Unidos da América nas Nações Unidas, Linda Greenfield, que está de visita a Moçambique desde a última quarta-feira, esteve nos armazéns do PMA e ouviu de perto as preocupações, anotou-as e usou da oportunidade para felicitar as organizações que apoiam as comunidades necessitadas.

“É impressionante ver o que este financiamento faz a milhares de moçambicanos. Os moçambicanos têm sido afectados por conflitos, efeitos negativos das mudanças climáticas, COVID-19 e várias outras crises sanitárias, mas todas estas organizações trabalham directamente para o alívio das comunidades, dia após dia”, disse Linda Greenfield.

PMA, UNICEF, USAID e vários outros programas que recebem financiamento dos Estados Unidos da América têm assistido a uma redução do dinheiro disponibilizado para apoio às comunidades necessitadas, devido à crise económica mundial provocada pela COVID-19, bem como pela guerra russo-ucraniana.

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