O director da Escola Especial defende que há uma necessidade de se criar uma gramática da língua de sinais para uma melhor comunicação e criação de mais instituições especiais. A Associação dos Jovens Surdos diz que há morosidade no cumprimento das leis.
Pessoas com deficiência auditiva na Cidade de Maputo sentem-se marginalizadas pela sociedade, devido à falta de acesso à informação e de escolas para este grupo social.
No interior das salas de aula da Escola Especial Número 1, estão os alunos com deficiência auditiva e quem não domine a língua de sinais dificilmente pode transmitir uma mensagem.
A professora Ana Paula, de 32 anos, com as dificuldades que passou, venceu e hoje é licenciada e inspira muitos jovens, como Matilde, estudante da UEM que faz parte da Associação dos Jovens Surdos.
Matilde perdeu audição quando tinha oito anos e, para poder estudar, sofreu bastante e andou de escola em escola, devido à falta de instituições de ensino para pessoas com deficiência. “Eu tive muitas dificuldades para continuar a estudar. As escolas não me aceitavam. Tive de lutar muito para conseguir e era obrigada a trocar de escolas, porque eu sofria muita discriminação. Aceitaram-me numa escola onde eu recomecei e fui até à 12 classe”, contou Matilde, membro da Associação dos Jovens Surdos, que acrescentou que não desistiu do seu sonho.
Felizarda, que também faz parte da Associação dos Jovens Surdos, é estudante e defende a necessidade de uma gramática para melhor se comunicar com outras pessoas. “Para poder comunicar-me, uso gestos, o que dificulta a comunicação com os demais.”
A conselheira da Associação dos Jovens Surdos diz que “a nossa grande dificuldade é o acesso à informação”.
A conselheira diz que há morosidade no cumprimento das leis para a inclusão de pessoas com deficiência. “As pessoas que estão lá devem pôr em prática aquilo que assinam, não é falta de leis; já se assinaram cartas de comprometimento e, agora, vamos fazer 10 anos desde que Moçambique assinou a Convenção das Nações Unidas sobre a Deficiência”, afirmou a conselheira da Associação dos Jovens Surdos.
Por seu turno, o director da Escola Especial 1 de Pessoas com Deficiência Auditiva afirma que se deve criar uma gramática de língua de sinais para melhor inclusão. “Precisamos de criar uma gramática da língua de sinais, mas a escola sozinha não pode, precisa de interversão de vários especialistas como linguistas”.
O director diz ainda que se deve criar mais instituições de ensino para pessoas com deficiência, para evitar que os alunos percorram longas distâncias. “Outra dificuldade que nós temos está ligada ao processo de transporte dos próprios alunos, são crianças que vivem nas zonas periféricas e, para irem à escola, têm o seu custo”, realçou David Nhantumbo.
Actualmente, o país conta com duas instituições para pessoas com deficiência.
Foi a 26 de Setembro de 1980 em que foi feito o reconhecimento de língua de sinais, comemorando-se, assim, o Dia Internacional do Surdo.