Um estudo recentemente divulgado pelo Carnegie Middle East Center, uma instituição de pesquisa baseada em Beirute, capital do Líbano, prevê que a Argélia poderá sofrer uma crise económica, numa altura em que continua a enfrentar um impasse sobre a situação política.
O estúdio, divulgado em finais de agosto descreve a "crise económica" como iminente realçando o facto da economia daquele país depender fortemente de exportações de hidrocarbonetos e o registo de uma depreciação de 46% no preço do Brent, num espaço de cinco anos.
O estudo refere que “se o preço do petróleo bruto manter-se acima de 60 dólares, a Argélia exigiria 116 dólares por um barril, para equilibrar o seu orçamento”.
Uma análise da economia interna, citando previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que a inflação continua a crescer, saindo dos 4,3% registados em 2018 para 5,6% em 2019.
Os pesquisadores realçam ainda o facto das reservas cambiais do país também estarem em queda.
“Se em 2014 representavam $ 193,6 biliões, no passado mês de Abril não cresceram para além de $ 79,9 biliões” e prevê-se que “os números deverão cair para 64 biliões até o final de 2019 e 47,8 biliões até o final de 2020”.
O estudo lembra igualmente que o governo argelino usou a impressão de bilhetes de tesouro, em Outubro de 2017 para financiar o défice orçamental.
Segundo o diário argelino l’Expression, no passado mês de Setembro o chefe de Estado interino, Abdelkader Bensalah, o primeiro-ministro Noureddine Bedoui falou de uma "proposta do Governo, concernente a um possível recurso ao financiamento externo das instituições financeiras mundiais de desenvolvimento, com vista a financiar projectos económicos estruturais e rentáveis ".
Manifestações contínuas
Desde Fevereiro de 2019, a Argélia é palco de protestos contra o poder e os militares que persistem, apesar da renúncia do ex-presidente, Abdelaziz Bouteflika.
No passado sábado, 28 de Setembro, a presidente da Sub-comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, Marie Arena, reagiu à onda de prisões políticas na Argélia, destacando as exigências dos manifestantes.
"(Eles) exigem efectivamente que as eleições sejam organizadas, mas não sob o modelo actual, nem sob o regime actual, nem com as regras do regime actual. Eles exigem que haja mudanças na Constituição, que haja pluralismo político, que haja liberdade de expressão e associação, o que não é o caso actual na Argélia".