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Pesquisador diz que TMT pode estar a transformar serviço público em negócio

Foto: O Pais

Muitas famílias poderão ser excluídas da migração digital, porque a empresa responsável pelo processo em Moçambique, TMT, está a transformar o serviço público num negócio.

Quem o diz é o pesquisador e professor universitário, Celestino Joanguete, no seu livro “A Migração Para a Televisão Digital em Moçambique: Processo, Modelo de Negócios e Conflitos”, que fala sobre o processo de migração digital no país.

No livro, o professor universitário diz que o modelo usado pela empresa de Transporte, Multiplexação e Transmissão (TMT), responsável pela migração digital, ainda não foi clarificado se é comercial ou do serviço público de radiodifusão.

“ A TMT quando iniciou passou como um serviço público de radiodifusão, mas passado um tempo notamos que não passava disso, mas sim de um serviço comercial como as outras operadas”, disse Joanguete.

O pesquisador acrescentou que não “devia ser assim” pois o Estado fez um empréstimo de 150 milhões de dólares para montagem da rede nacional do serviço de transmissão do sinal de televisão, então significa que devia-se seguir esta lógica de serviço público e não comercial.

“Defendo o modelo público de radiodifusão em que nada pode ser imputado ao consumidor, nenhum outro custo, porque ele é contribuinte e sendo contribuinte deve ter dado boa parte das suas finanças para o funcionamento desta televisão, então não pode ter custos acrescidos em relação a essa televisão”, opinou.

Para Joaguete ao praticar um serviço comercial, e a concorrer com outras empresas fornecedoras de serviço de transmissão de sinal digital, a TMT poderá, ao longo do tempo, estabelecer preços da concorrência e isso poderá ser insuportável para as operadoras privadas de televisão, que querem que o seu sinal seja transportado pela TMT.

“Essas empresas poderão ter problemas sérios de custo e o custo que for aplicado vai ser igual das outras operadoras e, porque alguns canais de televisão poderão não ter capacidade de pagar, assim irão retirar os seus canais para não haver transmissão e consequentemente isto vai ser insuportável para o consumidor e há maior risco de muitos serem excluídos”

A fonte diz que o processo de migração está bem encaminhado, uma vez que o país tem uma cobertura tecnológica de 70 por cento, mas ainda há desafios como a capacidade de prover serviços de assistência técnica e atendimento.

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