O saneamento continua crítico no Município da Matola, facto que deixa várias famílias com suas casas alagadas sempre que chove. As autoridades estão cientes da situação, mas as soluções que têm avançado, sempre que são confrontadas com a situação, não se concretizam.
Daniel Fernando é um dos cidadãos na Matola cuja água estagnada cria um mal-estar para si e sua família. Mesmo volvidos dias depois de a chuva ter parado de cair, a movimentação tornou-se complicada, pois desaparece a água e fica a lama e cheiro nauseabundo.
“Sempre que chove isto fica mal, ninguém sai. Por vezes, a água inunda a casa por dentro. Quando vou trabalhar sou obrigado a calçar sapatos na rua para evitar molhar ao sair. Estamos a passar mal”, disse Daniel Fernando.
Sempre que chove várias famílias são obrigadas a abandonar suas casas para se abrigar em zonas menos vulneráveis às cheias.
Para quem não tem condições de arrendar uma casa tem de se adaptar ou aguentar até sair da situação de alagamento. A intransitabilidade causada pelas águas das chuvas é um problema antigo em vários bairros da autarquia da Matola, com situações de atentado à saúde pública à mistura.
Ruas degradadas e capim por onde água devia escorrer é um dos sinais da precaridade do saneamento na Cidade da Matola.
Valas de drenagem que deviam drenar, escoar e dar destinação às águas das chuvas amontoam areia, chegando, até a germinar capim.
Recuemos, então, ao tempo. Nas eleições Autárquicas de 2013, o então candidato da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) para o Município da Matola, Calisto Cossa, fez um pedido.
“Nós só pedimos confiança. Queremos trabalhar para mudar a Matola” pediu o Presidente do Município da Matola, Calisto Cossa.
E o povo confiou, só não sabia que muitas promessas não viriam a ser cumpridas.
No calor da campanha eleitoral várias palavras fizeram renascer a esperança de um futuro mais risonho. Nos discursos sempre estiveram presentes promessas de melhoria no saneamento local, com destaque para a construção de valas de drenagem.
“Muitos dizem que vamos conseguir, mas nós vamos contruir valas de drenagem” afirmou o edil a 28 de Outubro de 2018.
Melhorar o que não está bom sempre foi o lema de Calisto Cossa nas campanhas eleitorais.
Anos após a sua eleição, Calisto Cossa manteve o discurso.
“Continuamos a envidar esforços para melhorar o saneamento na Cidade da Matola”, informou, Cossa.
Enfim, até os dias de hoje os problemas predominam e soluções para as constantes inundações nas épocas chuvosas na Matola continuam.
Depois de várias promessas, o edil da Matola veio ao público atirar a culpa do problema de saneamento aos munícipes que constroem desordenadamente ao longo das bacias de retenção das águas naturais.
“Temos que reconhecer que há desonestidade e há contruções que ocorrem fora das horas normais e o conselho municipal tem de pôr a sua autoridade. A água nos bairros quer lugar para passar e está dizer que está no seu caminho”, disse Cossa.
Mas a construção de valas de drenagem não esteve apenas na boca do edil matolense. Eis a declaração de mais um responsável.
“Para o município, este é o período ideia para actualizar o seu levantamento sobre o projecto da vala de drenagem”, salientou Júlio Parruqe, Governador da província de Maputo.
Um projecto que segundo juramentos já devia ter sido implementado, mas nunca passou da fase de estudo. O problema que tira sono aos munícipes da Matola jamais teve atenção com vista a acabar, definitivamente, com o sofrimento da população.
Numa entrevista exclusiva ao jornal Zambeze o Conselho Autárquico da Matola anunciou a construção de valas de drenagem para 2021 e garantiu que tinham sido mobilizados 28 milhões para materializar o projecto.
“Temos uma equipa da nossa Empresa Municipal de Água e Saneamento que está a trabalhar para indicar o local onde exactamente será construída, mas mobilizamos internamente este valor de 28 milhões. Este valor é muito inferior para os nossos desafios, mas vamos começar por um ponto e isto vai ser para este ano porque este valor já está planificado”, lê-se no Jornal Zambeze.
Já no final de 2021, o Município da Matola foi assolado por inundações, como resultado das chuvas. A 28 de Dezembro o vereador trouxe uma nova versão e prometeu mais uma vez, isso para o ano 2022.
“O processo administrativo acabou levando um pouco mais de tempo e o que nos deixa satisfeito é que o processo já terminou e só estamos a espera do fim da época chuvosa para iniciar as obras”, Firmino Guambe, Vereador de infra-estruturas Município da Matola.
A STV contactou o Conselho Municipal da Cidade de Matola para ter mais subsídios sobre o plano, mas este não se mostrou disponível a falar sobre o assunto.
A cada ano uma promessa, mas acções concretas para melhoria do saneamento no município da Matola tardam chegar, ou melhor, nunca chegaram, pelo menos nos dois mandatos de Calisto Cossa. A construção de valas de drenagem para o escoamento de águas das chuvas é um sonho que de acordo com os factos não realizará tão já.