Em Moçambique, estima-se que existam entre 20 a 30 mil pessoas com albinismo. O fenómeno dos raptos e assassinatos, de acordo com a Comissão Nacional dos Direitos Humanos, já afectou pelo menos 114 pessoas no país, entre 2013 e 2020. O crime acontece, muitas vezes, com a conivência de pessoas próximas à vítima.
O antropólogo Mateus Chabai estudou o fenómeno da perseguição das pessoas com albinismo e diz que, fora de África, a aversão as essas pessoas começa desde infância.
Chabai diz que, na América do Sul, uma mulher grávida toma uma mistura de algumas ervas com carvão, para evitar que a criança nasça albina. A crença é que o carvão poderá dar cor à pele da criança.
Não conseguindo resolver esse problema, a criança albina é logo condenada à morte, pois, logo que nasce, é morta e o corpo enterrado num lugar ermo.
Chabai diz que é provável que este fenómeno dos desaparecimentos, dos raptos e assassinatos esteja a acontecer sobretudo no interior, pois é sempre um terreno hostil para essas pessoas, devido à falta de mecanismo de segurança e, por isso, acontece sem o registo das autoridades.
Mateus Chabai diz que o fenómeno da discriminação não vai acabar nos próximos cinco anos, mas avança uma proposta que pode ajudar a resolver o problema.
Para o pesquisador, o Estado deve incluir, no sistema curricular, matérias ligadas ao albinismo para desmistificar todos os preconceitos e crenças decorrentes da falta de informação.
Refira-se que, em Moçambique, o albinismo não entra nas estatísticas oficiais, quando se faz o recenseamento geral da população.