A partir desta quinta-feira (31), os partidos da oposição vão marchar em todo o país em reivindicação dos resultados eleitorais, que consideram uma fraude orquestrada pelo partido Frelimo, que foi anunciado vencedor do escrutínio de 09 de Outubro. Os partidos revelaram que a contagem paralela, feita em conjunto, não deu vitória à Frelimo nem ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Enchimento de urnas a favor da Frelimo e do seu candidato, desaparecimento de actas e editais, adulteração de actas e editais, com objectivo de alterar os resultados das mesas de voto, recusa de assinatura dos editais por parte dos presidentes das mesas, disparidade entre o número de inscritos e o número de votos nas urnas, violação variada da Lei Eleitoral, a destacar desde a exclusão dos MMV da oposição, impedimento de alguns observadores, jornalistas, delegados de candidatura e mandatários nas mesas, distritos e províncias, estão entre as demais razões que juntaram, esta quarta-feira, todos os partidos da oposição para declararem marchas contínuas até que se reponha o que chamam de “verdade e justiça eleitorais”.
“Foi com muita preocupação que os partidos políticos na oposição viram o processo de votação, contagem e apuramento dos votos desde a fase parcial até à fase final. O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE) conduziram a votação e o processo de apuramento de forma desorganizada e com várias irregularidades, que não apenas tornam questionáveis estas eleições, como também poem em causa os resultados anunciados”, disse Dinis Tivane, do PODEMOS.
Os partidos da oposição, que se unem pela primeira vez na história do país, em reivindicação dos resultados eleitorais, na sua declaração conjunta, apresentam quatro pontos.
O primeiro é declarar a rejeição dos resultados declarados pela CNE, por estes não estarem em conformidade com as normas e procedimentos, e por se caracterizarem por vários vícios e violações da lei.
Segundo, declarar que, pela contagem paralela dos partidos da oposição unitária e conjuntamente pela repercussão social dos eleitorais em repúdio aos resultados eleitorais, e tendo em contagem o histórico das eleições autárquicas de 2023, os partidos constroem a convicção de que o processo de contagem e apuramento cerceou direitos de todos os partidos concorrentes neste pleito, razão para exigir respeito pela verdade eleitoral.
Terceiro, exigir uma auditoria forense a favor da verdade eleitoral e posterior responsabilização criminal pela violação da Constituição da lei eleitoral e pela fraude, por parte dos principais dirigentes dos órgãos de administração eleitoral, por compreender que, se não for os autores da fraude, os órgãos de administração eleitoral são cúmplices da mesma ao reconhecer e ao anunciar os resultados.
Quarto, comunicar que, enquanto não houver a verdade da justiça e verdade eleitoral, pelo CC, as manifestações pacíficas vão continuar de forma coordenada e organizada por todos os partidos da oposição e declarantes.
A marcha, que foi marcada para esta quinta-feira, já tinha sido, inicialmente, anunciada esta terça-feira, pelo candidato presidencial suportado pelo PODEMOS, Venâncio Mondlane, que disse que duraria sete dias, mas ontem, toda a oposição garantiu que também vai juntar-se às manifestações até que se reponha a verdade e justiça eleitorais.
“Há uma acção colectiva e conjunta e expressa a união de todos os partidos da oposição. Cada partido apresentou sua impugnação e, pela primeira vez, todos os partidos, e juntos estamos a repudiar os resultados. As nossas manifestações são pacíficas e pedimos uma auditoria nos resultados eleitorais, e marcharemos até à reposição da verdade eleitoral. O Conselho Constitucional tem uma responsabilidade”.