O escritor moçambicano Mia Couto defendeu, na cidade da Praia, em Cabo Verde, que os países africanos lusófonos "estão no grau zero" de conhecimento cultural mútuo, adiantando que continua a "existir um triângulo tipicamente colonial" no seu relacionamento, escreve o Notícias ao Minuto.
O escritor sublinhou a quase inexistência de trocas no domínio da literatura e o fraco conhecimento em outras áreas, ressalvando a exceção cabo-verdiana na música.
Durante a conversa com o público, que decorreu na Biblioteca Nacional, o escritor defendeu também a existência da "figura de um editor" para a literatura portuguesa, considerando que tornaria a escrita "mais interessante".
"No mundo da língua portuguesa também faz falta uma figura de um editor, como há na literatura anglo-saxónica. O editor intervém na escrita e discute com o autor, portanto ele é quase um coautor. Na língua portuguesa acontece o contrário, o autor é como uma entidade divina", disse.