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O poeta, jornalista cultural e curador moçambicano Amosse Mucavele é um dos quatro seleccionados para participar na segunda edição do Programa de apoio a Residências Literárias do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), em São Tomé e Príncipe.

Numa lista constituída por mais de 20 candidaturas validadas, o projecto do autor de Pedagogia da Ausência, intitulado “A Semântica da Dor”, foi seleccionado com base na originalidade e interesse cultural do projecto em termos de ligação que perspectiva entre os espaços sócio-culturais de Moçambique e São Tomé e Príncipe. 

O projecto pretende recolher informações sobre os últimos moçambicanos desterrados para São Tomé e Príncipe na década de 1960, utilizando esses dados para criar uma obra de ficção que reflicta sobre as catástrofes históricas — como o desaparecimento forçado de pessoas — e examine temas como o testemunho, a estrutura familiar, a precariedade, o abandono e a ausência como elementos centrais na construção da memória e do trauma colectivo.

Para o poeta e curador, o programa de residências do IILP será importante porque “representa para mim mais do que um tempo de escrita. É uma viagem ao interior da história, uma oportunidade de contactar directamente com os espaços, os arquivos vivos e os protagonistas invisíveis deste capítulo trágico da nossa história.”.

Durante um mês, Amosse Mucavele terá a oportunidade de residir na ilha de São Tomé, onde vai  explorar espaços culturais, históricos e sociais que sirvam de inspiração para a escrita do seu primeiro romance. A residência vai permitir ao autor expandir o seu universo narrativo e beneficiar de um ambiente criativo propício à produção literária, além de estabelecer contactos com agentes culturais e literários daquele país insular.

Com a iniciativa, o IILP pretende contribuir para a circulação de escritores dos países e regiões de língua portuguesa e, assim, contribuir para aproximar a criação literária em língua portuguesa aos diversos contextos socioculturais da CPLP e contribuir ainda para um maior conhecimento das literaturas nacionais nos diferentes países.

Além de Amosse Mucavele, foram seleccionados outros três beneficiários, nomeadamente: José J. Cabral (de Cabo Verde, vai participar numa residência literária em Portugal); Nunes Sitoe (de Moçambique, vai participar numa residência em Cabo Verde); e Joana Bértholo (de Portugal, vai participar numa residência em Cabo Verde).

A residência de criação Literária tem a duração de um mês.

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O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, sancionou quatro projectos de lei sobre finanças num conjunto de importantes reformas que visam reestruturar o sistema fiscal do país, escreve o Jornal de Angola.

Segundo a fonte, o governo nigeriano afirma que as novas leis simplificarão a cobrança de receitas, reduzirão a carga fiscal sobre algumas pessoas singulares e colectivas e, ao mesmo tempo, ajudarão a aumentar a tão necessária receita do governo, tornando a cobrança mais eficiente.

A Lei Fiscal da Nigéria, acrescenta a fonte angolana, que reúne várias regras num código único e mais fácil de compreender e elimina mais de 50 impostos menores e sobrepostos. 

A presidência nigeriana, com efeito, afirmou que a redução do número de impostos e a eliminação da duplicação facilitarão os negócios. A Lei da Administração Fiscal que estabelece regras comuns para a cobrança de impostos nos governos federal, estadual e local.

A Lei do Serviço de Receita da Nigéria, que substitui o Serviço de Receita Federal (FIRS) por uma nova agência independente: o Serviço de Receita da Nigéria (NRS). A Lei do Conselho de Receita Conjunta, que melhora a coordenação entre os níveis de governo e cria um Provedor de Justiça Tributário e um Tribunal de Apelação Tributária para resolver litígios, adianta o Jornal de Angola.

 

A República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda assinaram, ontem, em Washington, nos Estados Unidos da América, um acordo que pretende cessar conflitos entre as partes.

De acordo com o Jornal de Angola, para o Presidente norte-americano, Donald Trump, a assinatura do documento marca “um grande dia para o mundo”. Já o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, declarou que o acordo marca “um momento importante após 30 anos de guerra” no Leste da RDC.

Ainda segundo o Jornal de Angola, o acordo, assinado pelos ministros das Relações Externas dos dois países africanos – Thérèse Kayikwamba Wagner, da RDC, e Olivier Nduhungirehe, do Ruanda – e testemunhado por Rubio, também ajudará as empresas norte-americanas a obter acesso a minerais essenciais necessários para grande parte da tecnologia mundial, como o cobalto, num momento em que os Estados Unidos e a China estão a competir activamente por influência em África.

Sobre os compromissos assumidos pelas duas partes, estes inspiraram-se numa Declaração de Princípios aprovada em Abril, entre os dois países, e que prevê “o respeito pela integridade territorial e o fim das hostilidades” no Leste da RDC.

Segundo o chefe da diplomacia ruandesa, a RDC concordou em cessar todo o apoio aos militantes hutus ligados ao genocídio de 1994.

O acordo de paz é “baseado no compromisso assumido aqui de pôr fim, de forma irreversível e verificável, ao apoio do Estado (congolês) às FDLR (Forças Democráticas pela Libertação de Ruanda) e às milícias associadas”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros ruandês, Olivier Nduhungirehe, citado pelo Jornal de Angola. 

O conselheiro de Donald Trump para a África, Massad Boulos, indicou que Kigali se compromete a “levantar as medidas defensivas do Ruanda”, mesmo que o acordo não mencione explicitamente o Movimento 23 de Março (M23), até ao momento alegadamente apoiado pelo Ruanda e que no início do ano realizou ofensivas e conquistou cidades no Leste da RDC.

 

A Associação Provincial de Sofala e a Cornelder de Moçambique voltam a juntar-se pelo sétimo ano consecutivo, na cidade da Beira, numa légua que contará com 3750 atletas, entre eles nacionais e estrangeiros. A iniciativa que já é uma marca, terá um percurso de aproximadamente sete quilómetros e tem como lema correr pela saúde.

A Cornelder de Moçambique, patrocinadora do evento, diz que pretende com a légua contribuir para aprimorar a relação entre a instuição, os colaboradores e as comunidades que vivem nos arredores do Porto da Beira e não só.

A légua da Beira tem proporcionado prémios aliciantes aos participantes, aliás é a competição com os melhores prémios no país e na região Austral de África.

Os  atletas que pretendem participar na 7ª edição da légua da Beira poderão fazer as inscrições a partir da próxima segunda-feira, até ao dia 12 de Julho, numa  plataforma electrónica, no Pavilhão de Desporto da Beira. 

A légua terá lugar no dia 19 de Julho, e os participantes estarão divididos em seis categorias, nomeadamente, populares, estudantes veteranos, federados, trabalhadores da Cornelder de Moçambique e comunidade portuária. 

 

Por Melo Munguambe 

“Ouvi dizer que o grande senhor aparentemente desconhecido é um dos principais candidatos ao cargo de Secretário-Geral da Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO”

 Foi nos meados do ano 2022, quando concluí os meus estudos em Nampula, após 5 anos fora de casa, minha terra natal, meu primeiro perímetro urbano cultural, Maputo.

Naquele ano finalmente eu regressava à casa, uma das metas era restabelecer e reconstruir parcerias no panorama cultural ao lá chegar, mas não foi tão fácil o quão pode parecer. Chegado lá, numa cansativa busca de potenciais parceiros para em colaboração materializarmos alguns dos projectos culturais escritos faz tempo por mim no papel, recordei-me do digníssimo professor Manecas Cândido quando sugeriu-me procurar à Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO ao chegar em Maputo, mas no início confesso que hesitei procurar à AEMO.

Lembro-me que naquela época eu precisava primeiro de um espaço na cidade de Maputo para realizar eventos multidisciplinares de forma bimensal. Antes bati várias portas sem sucesso que quase saíram-me calos pelos dedos, foi quando eu quase já sem opções, meio fatigado, localizei e cheguei na Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO, pela primeira vez pisei o espaço sede da AEMO e nem senti-me arrepiado por isso, naquele dia infelizmente cheguei meio atrasado, procurei falar com o escritor Alex Dau, segundo a recomendação do professor Manecas Cândido, e disseram-me que o escritor acabava de se ausentar, olhei para as horas e espantei porque já era 15h e tal, lamentei o meu atraso enquanto caminhava lentamente em direção ao palco do jardim, quando vi um senhor aparentemente desconhecido com uma voz chamativa, meio roca que parecia falar com alguém ao celular soltando gargalhadas nas proximidades do jardim.

Sentei-me por aí uns 5 à 7 minutos refletindo sobre a linha do horizonte entre o sucesso e o fracasso. De seguida levantei-me dalí meio cabisbaixo para casa, mas determinado a não desistir. Voltei no dia seguinte, mais cedo, obviamente, sem sombras de dúvidas naquele dia encontrei o escritor Alex Dau, aliás, ele foi quem encontrou-me sentado à sua espera.

–Você é o Melo? Melo Munguambe?

–Sim. Bom dia, como está?

A conversa fluiu, falámos das artes em Nampula, da minha relação com o professor Manecas Cândido, entre vários assuntos, até que, naquele mesmo dia foi-me apresentado a sua excelência Secretário-Geral escritor Carlos Paradona. Apresentei-me formalmente de forma breve, e seguidamente o escritor Alex Dau deu permissão a minha explanação no âmbito dos meus objectivos profissionais com a AEMO naquele momento, sem cerimônias eu contextualizava o Projecto Ritmo Arte & Poesia, aquilo foi tão natural que até penso que antes nem eu mesmo percebia que estava entre 2 grandes senhores da literatura Moçambicana conversando abertamente sobre artes, sobretudo dos meus projectos artísticos. Foi quando repentinamente a porta do gabinete do Secretário-Geral da Associação dos Escritores Moçambicanos-AEMO se abriu, era aquele senhor aparentemente desconhecido pedindo permissão para entrar e lhe foi concedida. O senhor entrou, saudou-nos e sem proferir algo mais naquele instante, puxou uma cadeira e sentou-se conosco, aquilo deixou-me meio inseguro, mas disfarcei e continuei falando do meu exercício artístico e dos meus objectivos dentro duma possível parceria com a AEMO. O meeting durou cerca de meia hora, mas parecia menos, sua excelência Secretário-Geral ficou de entrar em contacto nos próximos dias, agradeci por isso, e levantei juntamente com o escritor Alex Dau, dispensado-me do gabinete.

Já lá fora, no exterior do edifício da Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO, mostre-me grato ao escritor Alex Dau, despedindo-me com tamanha gratidão. Uma semana depois recebi um telefonema do escritor Alex Dau, informado-me que sua excelência Secretário-Geral Carlos Paradona aprovou as minhas actividades artísticas, para realizá-las no espaço da Associação dos escritores Moçambicanos a partir de Janeiro do ano 2023.

–Muitíssimo obrigado Sr. Alex.

Ao encerrar aquela chamada, de seguida liguei ao professor Manecas Cândido com muita satisfação e contei-lhe a boa nova.

Esvaziou-se a ansiedade, enfim, o ano 2023 iniciou, estávamos no mês de Janeiro, e eu já tinha parceiros suficientes para dar início aos eventos do Projecto Ritmo Arte “Poesia, no jardim da Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO. Em colaboração também com a jovem Editora Moçambicana Kulera, Coach the Vibez, Ler e Brilhar, Ka Zimpeto Beatz, entre outros simpatizantes do projecto, projecto este que tornou-se marca mais tarde. Realizamos as primeiras edições com sucesso no espaço da Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO.

Nos meus dias de lazer, quase sempre fazia questão de visitar à AEMO, as visitas ficaram cada vez mais frequentes quando também descobri oportunidades de ler bons livros naquela casa cultural. Até que num certo dia, de forma inusitada reconheci o senhor aparentemente desconhecido quando ouvi-lo sem querer, falando dum casting sobre uma peça de teatro infantil: "A fogueira de letras”, naquele momento entendi que aquele era uma chance singular de poder trabalhar com uma lenda da Dramaturgia Moçambicana. Me inscrevi no casting e felizmente fui apurado como membro do elenco daquela peça infantil da AEMO. Eu não sabia ainda, mas ali iniciava a minha carreira como actor profissional, foi a partir dali que trabalhei com grandes e reconhecidos artistas Moçambicanos como: Lucrécia Paco, Aurélio Furdela, Huwana Rubi, Lírico Poético, entre outros. Foi naquele ano que tive o prazer de participar pela primeira vez no Festival internacional de teatro de inverno-FITI. Além das produções e realizações dos eventos culturais na AEMO, em pouco tempo eu já me sentia também parte da família dos artistas da Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO, sendo que todos os dias era lá onde me encontrava, mesmo sem ser membro oficial e muito menos  pagar quotas.

Os meus trabalhos na AEMO já eram frequentes, eu já não tinha um tempo razoável para usufruir das agradáveis leituras de lá. Naquela época, eu ainda não tinha muitos livros, por isso, respirei fundo e procurei ao menos um pingo de coragem nas profundezas dos meus interesses literários, podendo aproximar-me ao senhor Furdela pedir emprestado alguns livros na biblioteca da AEMO, e para o meu espanto, o senhor Furdela respondeu-me o seguinte:

– Venha amanhã puto.

Fiquei tão feliz, mas tão feliz que senti-me até com vontade de pular e lhe abraçar de tão agradecido que estive, mas não consegui fazer isso, simplesmente disse-lhe:

–Muito obrigado Sr. Furdela, virei amanhã.

O tempo passava, a confiança brotava, e as ofertas de livros já não mais eram raras para mim, de quando em vez, ajudava o Sr. Furdela em alguns trabalhos na Associação dos escritores Moçambicanos-AEMO, quando às vezes ele mesmo pedia-me para o fazer. Eu fazia tudo com muito gosto porque no fundo sabia que não era qualquer um que tinha a sorte de estar ali trabalhando lado a lado com o carismático e grande artista Aurélio Furdela, mesmo que não seja de forma oficial, eu estava ali com ele, e isso para mim já bastava. Hoje, aquele senhor que no início parecia meio desconhecido para mim, tornou-se fonte de inspiração. Eu já escrevia poemas, contos, crônicas, entre outros gêneros textuais, mas admito que para começar a escrever peças de teatro foi graças aos ensinamentos que através dele recebo, de forma voluntária ou talvez não, actualmente, uma parte da minha personalidade mudou porque respeito e admiro a maneira de ser e estar do colosso Aurélio Furdela. A humildade e compromisso com o trabalho residem no coração daquele senhor aparentemente desconhecido. Devido à isso, e muito mais do que aqui expus e não em entre linhas, a minha sincera opinião pessoal em letras garrafais subscreve-se: O ESCRITOR AURÉLIO FURDELA PARA ALÉM DE SER UM BOM CANDIDATO AO CARGO DE SECRETÁRIO-GERAL DA ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES MOÇAMBICANOS-AEMO, O ILUSTRE SENHOR FURDELA É O MELHOR CANDIDATO AO DESENVOLVIMENTO ARTÍSTICO-CULTURAL EM MOÇAMBIQUE.

 

 

Junho, 2025

Maputo

 

Na próxima quinta-feira, será lançado, pelas 18h, na Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo, o livro “Canção de Setembro para Zamuzaria Maria”, da autoria do poeta e declamador Rafael da Câmara, falecido em 2023. 

O livro será formalmente introduzido pelo Professor Albino Macuácua e contará com comentários do escritor e crítico Daúde Amade.

Para a Gala Gala Edições, que edita o livro, “Canção de Setembro” é uma colectânea que abrange a trajectória literária de Rafael da Câmara, reunindo 54 textos em 84 páginas. A maioria dessas composições estabelece um diálogo contínuo com as questões sociais, abordando as aflições e as angústias do quotidiano. 

“Rafael da Câmara revela-se um poeta de versos por vezes melancólicos, porém sempre  críticos e em constante denúncia, expressando um espírito revoltado diante das realidades que o cercam. A sua escrita navega por temas universais e locais, como a vida e a morte, a amizade e o amor, as guerras, a política e os seus intervenientes, a independência, a música, os abusos de poder (legalizados ou não), a infância, a chuva, a nostalgia, o memorialismo, a natureza e a dicotomia entre o campo e a cidade”, pode-se ler na nota de imprensa da editora.

Na percepção de Daúde Amade, adianta a mesma nota de imprensa, “Canção de Setembro para Zamuzaria Maria” é composto, na sua maioria, “de textos de uma poesia narrativizante, onde o tom do canto, a oralidade e os habituais karingana wa karingana andam de mãos dadas nos versos. Esses poemas são, por isso, histórias, como se Da Câmara contasse e cantasse o país a um só tempo”.

De acordo com a mesma fonte, o lançamento de “Canção de Setembro” não se limitará à apresentação da obra, servindo também como um momento de profunda homenagem a Rafael da Câmara, poeta, declamador e um apaixonado pela palavra falada e pelos livros. Na ocasião, os artistas Bakka Yafole, Leo Cote e Feling Capela farão leituras de excertos do livro, oferecendo ao público uma imersão na voz e no universo do autor. O evento é aberto a todos os interessados.

O livro sai pela colecção Biblioteca de poesia Rui de Noronha, da Gala-Gala Edições, tendo sido prefaciado pelo editor Celso Muianga.

Sobre o Autor

Rafael da Câmara nasceu em 1974, na Cidade de Inhambane. Foi um poeta, feminista, professor e antropólogo moçambicano. Tinha uma grande paixão pelas letras, livros e poesia. Publicou os seus textos na revista literária “Xiphefu”, no extinto “Caderno Cultural” do diário “Notícias” e em diversas publicações nacionais. Em 2012, Rafael da Câmara teve uma menção de honra no Concurso Literário TDM, com a proposta poética “Diário de Campo — Inventário para a Construção de uma Canção”. A par de poeta, Rafael da Câmara era um exímio declamador, com constantes presenças nos saraus culturais. Foi dinamizador do “Clube de Leitura de Vilankulo”. Faleceu no dia 24 Abril de 2023, em Vilankulo, com vários livros no prelo, pois sempre acreditou que não estava pronto para sair em livro.

 

Por: Eduardo Quive

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO – divulgou na quarta-feira, 18 de Junho, uma publicação intitulada “A indústria editorial africana: tendências, desafios e oportunidades de crescimento”.
Um documento que se mostra importante para percebermos como vai a vida literária nos 54 países do continente. Uma leitura genérica ao documento e a olhar para Moçambique, faz soar o alerta sobre o que está por ser feito e sobre o  estranho” rumo que a produção de livros que o meu país tomou”.

A começar, o relatório fala da indústria editorial no seu todo, do livro escolar à ficção, leis e políticas culturais para a área do livro, iniciativas de promoção e estímulo ao mercado editorial. A informação foi obtida a partir de fontes governamentais do sector, organizações e através de entrevistas aos que estão envolvidos na indústria. Em Moçambique, não podemos deixar de assinalar a busca de informação que se fez na plataforma cultural independente Catalogus, que tem se dedicado a divulgação de conteúdos sobre eventos e iniciativas literárias em Moçambique.

Segundo os dados recolhidos pela UNESCO em 2023 Moçambique contava com 61 editoras registadas, com 300 títulos publicados, 14 livrarias em funcionamento, 37 bibliotecas públicas e 1.600 empregos gerados pelo sector editorial. Segundo a publicação, há uma livraria por cerca de 900 mil habitantes, numa população total de cerca de 33 milhões.

O relatório alerta para a ausência de políticas públicas que estimulem o crescimento da indústria editorial. No caso de Moçambique, menciona a Política Cultural e a sua Estratégia de Implementação aprovada em 1997, que estabelece os procedimentos básicos para a produção e comercialização de livros em Moçambique. Este instrumento apela à comercialização de livros a preços reduzidos, a fim de permitir um leque mais alargado de leitores e estimular o interesse pela leitura e pela literatura.

Refere-se igualmente à Lei do Mecenato, de 1999 que estabelece os princípios básicos que permitem às pessoas singulares ou coletivas, públicas ou privadas, desenvolver atividades ou apoiar financeira e materialmente atividades no domínio
das artes, da literatura, da ciência, da cultura e da ação social.

Importa referir que estes instrumentos, a Política Cultural, a Lei do Mecenato e ainda a Política Nacional do Livro, esta última aprovada em 2011, não surtem o devido efeito para contribuir para mudança do cenário cultural moçambicano, pois, pese embora a idade da sua aprovação, não estão regulamentos, por forma que o seu peso se consubstancie na prática.

Adicionalmente, os dois primeiros instrumentos genéricos, referem-se ao sector cultural no seu todo, ignorando as especificidades que o sector do livro tem. O mais próximo que se tem de específico para o livro é a Lei n.º 32/2007 (de 2007) que isenta o pagamento de imposto sobre o valor acrescentado (IVA) à importação e exportação de livros. Na verdade, tem sido muito devido a essa lei que se tem observado a uma dinâmica acelerada de edição e publicação de livros em
Moçambique, incluindo o surgimento e sobrevivência de pequenas editoras, que têm sido responsáveis por trazer ao mercado grande parte de obras que hoje circulam no país. É que os custos de impressão de livros em Moçambique são demasiado elevados e levaria a que o “apelo” feito pelo governo através da política cultural de 1997, não fosse tido em conta. Outra verdade é que sequer ocorre às editoras essa lei, já que ela não é seguida de acções concretas que influenciem maior produtividade e baixo custo, seja na produção e também na venda.

Resumindo, sai mais barato imprimir fora do que dentro e é ainda possível imprimir pequenas quantidades, com qualidade gráfica e rapidez. E os dados não enganam.

A pesquisa da UNESCO que provoca esta reflexão indica que em 2023, o valor total das importações no sector editorial, abrangendo livros impressos, brochuras, folhetos e materiais impressos semelhantes, atingiu aproximadamente US$ 31
milhões, dinheiro canalizado para as gráficas de África do Sul, Índia, Portugal, seguidos pela China e Hong Kong.

Se aos escritores, poetas e editores a preocupação centra-se nas questões relativos à publicação e venda de livros, aos leitores o custo e a qualidade, há actores que podem ver nisto outro um sinal de alerta, como fazer com que tanto dinheiro que provém da produção de livros seja canalizado à indústria gráfica nacional?

Outro dado que não deixa de ser intrigante é o facto de o financiamento para a edição de livros, segundo o relatório, vir apenas do Fundo Nacional de Investigação (FNI), com um orçamento estimado em dois milhões de meticais. Ou seja, esses
recursos vão para obras científicas. A ficção essa muitas vezes fica por ser patrocinada por empresas, sendo de destacar, a banca. Do Estado, distante está o tempo do Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural a quem se deve a
publicação de vários autores que são referência na literatura moçambicana. Mas hoje pouco se sabe sobre o papel desta instituição, se tem dinheiro e a quem se destina esse dinheiro. Aliás, o relatório sequer menciona o FUNDAC quando se
refere ao dinheiro que financia a actividade editorial.

Podemos ir mais longe, a partir do momento que foi extinto o Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD) deixou de haver uma instituição pública dedicada exclusivamente ao livro, pois as atribuições do Instituto Nacional das Indústrias
Culturais (INICC) são generalistas. Por um lado, a tutela ao livro escolar está com o Ministério da Educação (que tem de lidar sempre com as indefinições identitárias, de Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano à altura do relatório, 2023, para Ministério da Educação e Cultura, em 2025), os livros doutras categorias, nomeadamente a ficção, estão incluídos num pacote que se resume só ao registo pela instituição tutelada pelo Ministério da Cultura (outra instituição que varia de tempos em tempos, de Ministério da Cultura e Turismo, em 2023, para Ministério da Educação e Cultura em 2025), através do INICC. Esta instituição pelas suas atribuições e competências, devia ser o braço público que atribui recursos para impulsionar o sector editorial, incluindo o financiamento, como aliás faz com o cinema. O INICC devia ser mais actuante nas propostas de leis de incentivo, bem como captação de recursos para iniciativas de promoção e divulgação da literatura nacional, que neste momento, a acontecer, é de visibilidade nula, até para os que actuam activamente no sector.

Seguindo ainda a linha de instituições que poderiam ser relevantes no sector editorial, está uma AEMO (Associação dos Escritores Moçambicanos) que embora seja mencionada como promotora de eventos (debates, prémios, etc), quanto à
advocacia ou mesmo iniciativas para a melhoria do campo de produção literária não se faz sentir. Mais concretamente, a “pressão” junto do Governo para que a Política Nacional do Livro e outras leis, sejam implementados, a busca de recursos e meios para financiar a actividade literária, seja na componente de escrita ou na publicação, são alguns exemplos. Tudo isto é sobre o trabalho do escritor, que pela sua natureza seria membro da AEMO.

No meio disto tudo, é de notar o trabalho que grupos e instituições independentes tem desenvolvido e que dinamizam a indústria editorial no país. O relatório, no capítulo dedicado as instituições, menciona a Fundação Fernando Leite Couto, a
Associação Moçambicana de Autores (SOMAS), a Federação Moçambicana das Indústrias Culturais e Criativas e a Associação Moçambicana de Médicos, Escritores e Artistas, como organizações que promovem o livro e protegem os direitos do
autor.

Mas maior mérito do cenário dinâmico, ainda que pouco sustentável, que o país vive, está para as pequenas editoras que não sendo capaz de mencionar todas, facilmente se destacam, Fundza, Ethale Publishing, Trinta Zero Nove, Gala-Gala
Edições, Kulera, a editora da Fundação Fernando Leite Couto (que promove um prémio literário para novos autores), a Associação Kulemba (que promove feiras de livros e dois prémios literários importantes, um para livros infanto-juvenis e outro para os melhores livros do ano), a Xitende (que promove festivais literários), a Fundação Carlos Morgado (que através de um prémio literário publica novos autores) e a Catalogus, que além de plataforma de informação, também edita.
Escusado será afirmar o papel importante da Alcance Editores que publica grandes nomes da literatura moçambicana e outras entidades que, não sendo moçambicanas têm contribuído para a literatura nacional, a Escola Portuguesa (com
vários títulos de infanto-juvenis) e o Camões – Centro Cultural Português em Maputo (com residências literárias para escritores moçambicanos).

Após a leitura deste relatório fica patente o desafio que os actores do sector livreiros estão sujeitos em Mocambique, o mesmo país que nos anos 80 publicava livros com tiragens acima de 3000 exemplares (actualmente a média é de 500) e, passados mais de 40 anos, num contexto aparentemente favorável, o Estado demitiu-se das suas funções, citando o escritor Rogério Manjate, qual “Coelho que fugiu da história”.

O Pavilhão de Moçambique na Expo Osaka 2025 em Osaka, no Japão, atingiu o marco de um milhão de visitantes desde a sua abertura a 13 de Abril. 

Quando Yoshimi Shibayama, natural de Quioto, Japão, foi visitar a exposição moçambicana, não esperava sair com o título de visitante número um milhão.

“Quando decidi vir à Expo hoje, não sabia que iria visitar o Pavilhão de Moçambique mas fiquei curiosa e decidi entrar. Estou satisfeita por ser uma visitante especial. Estou surpreendida”, disse Yoshimi Shibayama, um dos visitantes.

Yoshimi recebeu um prémio simbólico pelo marco.Para os organizadores, receber um milhão de visitas em dois meses mostra que o Pavilhão eleva a responsabilidade de toda a sua equipa na promoção da imagem do País.

Moçambique expõe iniciativas tecnológicas e espera atingir até ao fim da Expo, 3 milhões de visitantes.

Palmeiras-Botafogo e Benfica-Chelsea são os jogos que marcam o arranque dos oitavos-de-final do Mundial de Clubes que decorre nos Estados Unidos, este sábado. No encerramento da fase de grupos, o Manchester City goleou a Juventus por 5-2.

A fase de grupos do Mundial de Clubes só encerrou na madrugada desta sexta-feira com a realização dos últimos dois jogos, nos quais o Wydad Casablanca de Marrocos somou mais uma derrota diante do Al Ain ao perder duas bolas a uma.

Nos jogos de destaque, o Real Madrid venceu o Salzburg por 3-0 com Vinicios Jr a abrir o marcador aos 40 minutos, antes de Valverde ampliar ainda na primeira parte. Na segunda parte, Gonzalo Garcia fechou as contas dos merengues e garantiu a liderança do grupo H.

Já o Manchester City goleou a Juventus por 5-2, com golos de Doku, Kalulu, Haaland, Phil Foden e Savinho para os ingleses, e Koopmeiners e Vlahovic para os italianos.

Assim, os oitavos-de-final, que começam a ser disputados este sábado, têm o seguinte quadro de jogos:

Sábado: Palmeiras e Botafogo irão protagonizar o derby brasileiro e o Benfica terá pela frente o Chelsea.

Domingo: PSG defronta Inter Miami no reencontro de Messi com antiga equipa e Flamengo cruza caminho do Bayern de Munique.

Segunda-feira: Inter de Milão joga com Fluminense e Manchester City defronta Al Hilal dos Emirados Árabes Unidos.

Terça-feira: Real Madrid e Juventus jogam e Borussia Dortmund terá pela frente o Monterrey do México. O Mundial de Clubes termina a 13 de Julho próximo.

Quatro pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas na sequência de um violento acidente de viação, envolvendo um transporte semi-colectivo, no distrito de Nhamatanda, na EN6. Excesso de velocidade e problemas mecânicos são apontados como  causas do acidente.

A imprudência de alguns automobilistas de transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo chapa 100, continua a ceifar vidas e a provocar elevados danos materiais, tal como aconteceu nesta quinta-feira no distrito de Nhamatanda, em Sofala.

Uma viatura, que fazia o trajeto Chimoio – Beira e que circulava a uma velocidade excessiva, segundo a polícia, estourou um dos pneus, quando chegou à localidade de  Tica, distrito de Nhamatanda,  próximo a ponte sobre o rio Pungue.

O   motorista, segundo o cobrador, não conseguiu controlar o veículo imediatamente. Aliás, ao travar a viatura derrapou cerca de 44 metros e foi tombar na faixa contraria, A viatura capotou e foi arrastada por mais 24 metros. 

Foram depois transferidos no total seis doentes para o Hospital Central da Beira, tendo um deles perdido a vida. 

José Luís, um dos sobreviventes, indicou que a viatura estava a circular a uma velocidade excessiva. Houve três sobreviventes que saíram ilesos do acidente.   

Cinco vítimas do acidente continuam internadas no hospital central da Beira, com fracturas nas pernas e braços, contudo estão fora de perigo. 

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