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Outras prioridades do Governo mantêm alunos sentados no chão

Foto: O País

Filipe Nyusi diz que o Governo sabe que há crianças que estudam sentadas no chão, mas as prioridades do Executivo têm sido outras, devido à escassez de recursos. O Presidente da República falava hoje, durante a cerimónia de saudação dos professores por ocasião do dia 12 de Outubro.

Os professores decidiram saudar, pessoalmente, o Presidente da República, nesta segunda-feira, por ocasião do dia 12 de Outubro e fizeram-no com pedidos que poderão facilitar o seu trabalho.

Na voz do secretário-geral da Organização Nacional dos Professores, Teodoro Muidumbe, foram feitos os pedidos de reforço da formação da classe, através da disponibilização de bolsas de estudo, assistência médica e medicamentosa, até de funeral, mas houve mais: “Quanto aos livros escolares, queremos pedir à sua Excelência que estes sejam produzidos aqui, no país, para evitar os atrasos”, disse Muidumbe.

Outra preocupação dos professores é a falta de infra-estruturas escolares. Quanto a estas, o Chefe de Estado disse conhecer e reconhecer os seus impactos.

Nyusi diz que o Governo sabe que há alunos que estudam sentados no chão. “Isso não é nenhuma novidade, nós sabemos. Quando se diz que o país tem muita madeira, o que é que quer dizer? Não é uma descoberta, não descobriram nada. Fomos à procura de madeira e fizemos portefólios. O processo foi, no nosso projecto de tirar as crianças do chão, percorremos o país inteiro para fazer uma distribuição que resolveu de uma forma significativa. Mas é uma operação que não terminou, devido a muitas adversidades, mas lançámo-la com sucesso. Sabe muito bem as dificuldades que o país está a atravessar. Por vezes, temos de escolher. Se tivermos apenas 100 milhões, temos de dar primeiro um salário aos professores. É preciso construir uma sala, pôr carteiras, comprar cadernos. Não se pode fazer tudo com essa quantia de dinheiro. Por isso, há que dar prioridade ao que se faz”, disse Filipe Nyusi.

Apesar dos desafios, o Chefe de Estado diz que o trabalho feito pelo seu Governo tem resultados inquestionáveis.

“Entre 2015 e 2022, podemos olhar para este período, vamos perceber que a taxa era de 45% para os analfabetos, agora é de 38%. Parece pouco, mas não se esqueçam que também estamos cada vez mais a nascer. Atingimos, no primeiro ano, a taxa líquida de escolarização, 98,7%. Estou a dizer que, em cada 100 crianças com seis anos de idade, 99 estão a entrar na primeira classe.”

O Chefe do Estado deixou uma crítica para os que questionam o apoio estrangeiro.

“No outro dia, vi um paradoxo. Os nossos irmãos do Ruanda, na sua actividade social, construíram e reabilitaram uma escola. Todos questionaram. Porque é que não questionaram à União Europeia quando construiu uma escola? Porque é que não questionaram à China quando construiu um instituto? Qual é o problema? Este problema não existe. Porque não perguntam ao Serviço Cívico de Moçambique que reabilitou as infra-estruturas em Palma?”.

Sobre o défice de professores, Nyusi diz que é um problema global e Moçambique não é uma ilha.

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