A terra é abrigo, ventre fecundo, guarda o segredo mais velho do mundo. Onde dos quatro cantos, soa um só clamor: Preserva o ambiente com mais amor. É da necessidade de preservar o planeta e reciclar o meio ambiente que em, “CATADORES”, Tchalata, apresenta duas figuras humanas compostas por objetos variados, montados de forma tridimensional sobre uma base bidimensional.
A figura da esquerda tem uma máscara oval colorida, de boca aberta, e braço com padrões decorativos coloridos. A figura da direita tem uma máscara escura, com expressão serena, remetendo a arte africana tradicional.
Os corpos estão compostos por uma colagem de sucata mecânica e objetos do dia a dia, representando talvez uma fusão entre o humano e o tecnológico ou entre o tradicional e o moderno.
A simetria entre as duas figuras sugere um vínculo talvez familiar, afetivo ou simbólico. Há uma exploração estética do caos ordenado, cada elemento é aparentemente aleatório, mas no conjunto formam silhuetas reconhecíveis e expressivas.
Embora composta por elementos heterogéneos, a obra é equilibrada visualmente. As Máscaras tradicionais contrastam com materiais industriais, criando uma tensão entre o sagrado e o profano, o artesanal e o industrial.
A técnica utilizada é de assemblage, uma forma de colagem tridimensional típica da arte moderna e contemporânea. A reutilização de materiais como metais, chinelos usados, plásticos e restos de máquinas sugere um forte discurso crítico.
O uso de lixo urbano denuncia o consumismo desenfreado e os impactos ambientais do desperdício. Ao transformar lixo em arte, o artista subverte a lógica de valor tradicional, dando novo significado ao que é descartado.
A justaposição com peças industriais simboliza o choque entre culturas locais e a globalização, evocando reflexões sobre colonização, progresso e perda de identidade.
Esta obra se por um lado encaixa-se no movimento de artistas africanos contemporâneos que usam resíduos urbanos para expressar a crítica social, política e ecológica e Pode ser lida como uma denúncia das desigualdades globais, África como destino final de resíduos industriais produzidos no mundo.
Por outro lado, expressa afirmação de uma arte periférica, descolonizada que se apropria de materiais impostos para criar algo genuinamente local.
A obra também educa, ao mostrar como o lixo pode ganhar vida.
“CATADORES” é uma obra provocadora. A estética de materiais usados é compensada pelo humor visual, pelas cores vibrantes e pela expressividade das formas. O observador sente surpresa, inquietação e, talvez, uma chamada à ação.
Através deste quadro, o artista, Tchalata, propõe uma reflexão sobre o consumo, areciclagem e o meio ambiente. A fusão de máscaras tribais com peças tecnológicas simboliza o conflito entre a tradição e modernidade.
Avaliado em cerca de 96 mil meticais no mercado, “CATADORES ” é parte da exposição patente na Fundação Fernando Leite Couto, “GUARDIÃO DA NATUREZA: Educar para ser”, estará afixada até 28 de Junho, composta por 22 quadros.
Em “ GUARDIÃO DA NATUREZA: Educar para ser” Tchalata, celebra a diversidade cultural, com um toque de humor e criatividade no uso de materiais.
Esta obra não é apenas um exercício estético, mas uma poderosa crítica social e ambiental. Ela problematiza o consumismo, revaloriza a identidade cultural africana e promove a sustentabilidade. É uma arte que “fala”, que desafia, que envolve.
Título da obra: CATADORES Nome do autor: Tchalata
Dimensões: 100 cm x 205 cm.