A cimeira climática COP27 deve reconhecer o impacto da crise económica e da guerra na Ucrânia para acelerar o financiamento ao desenvolvimento energético em África, incluindo o gás natural, afirmou hoje a secretária-geral adjunta da organização, Amina Mohammed.
Segundo a dirigente, “a COP27 deve produzir um pacote abrangente de apoio à África que transforme a ambição africana de mitigação, adaptação e financiamento numa realidade e na vida das pessoas. Isso significa levar em consideração a actual situação global”, afirmou Amina Mohammed, na sessão de encerramento do Fórum de Governação 2022, organizado pela Fundação Mo Ibrahim.
Um elemento essencial deste pacote, segundo escreve o Notícias ao Minuto, citando Amina Mohammed, “deve ser uma transição energéticajusta, e equitativa para África, que reconheça a situação e circunstâncias únicas e especiais de África e inclua abordar e financiar um ‘mix’ energético de transição, reduzir as emissões e fornecer acesso à energia aos 600 milhões de africanos que não têm acesso à eletricidade”.
A União Europeia e outros países anunciaram durante a COP26, no ano passado, em Glasgow, o fim do financiamento a projectos de exploração de hidrocarbonetos no estrangeiro para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e promover as energias renováveis.
Porém, essa estratégia é criticada por dirigentes africanos, que reclamam a necessidade de explorar os próprios recursos naturais para promover o desenvolvimento socioeconómico, lembrando que o continente teve pouco peso na crise climática.
Um estudo da Fundação Mo Ibrahim, publicado esta semana, estima que as reservas de gás em África em 2020 chegavam a 12 biliões de metros cúbicos, recurso explorado sobretudo pela Argélia, Egito e Nigéria, mas existente também em Angola, Guiné Equatorial, Líbia, e Moçambique.
Dados indicam que África representou 41% das novas descobertas de gás natural no mundo entre 2011 e 2018.
“Como o continente que menos contribuiu para a crise climática, apenas 2% das emissões históricas, África merece o mais forte apoio e solidariedade possíveis”, argumentou Amina Mohammed.
A 27.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) decorre em Novembro em Sharm El-Sheik, no Egito.