O Alto-comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos condenou os insultos discriminatórios proferidos contra o futebolista Vinícius Júnior e pediu aos organizadores de eventos desportivos que implementem “estratégias para evitar o racismo no desporto”.
“Os insultos contra Vinícius Júnior mostram a influência do racismo no desporto. Peço aos organizadores de eventos que usem estratégias para o evitar e erradicar”, afirmou Volker Tur, citado pela imprensa internacional.
O responsável da ONU considerou que, para erradicar a discriminação racial, “é essencial começar por ouvir as pessoas afrodescendentes e envolvê-las, dando passos reais para responder às suas principais preocupações”.
Turk garantiu que a estrutura que dirige está disponível para dar “às federações desportivas um guia sobre aplicação de políticas de direitos humanos, luta contra a estigmatização, racismo e discriminação da comunidade LGBTQ+”.
O alto-comissário da ONU estabeleceu uma relação entre os insultos ao avançado brasileiro e o homicídio de George Floyd, ocorrido há cerca de três anos nos Estados Unidos, após um acto de violência policial.
“Está claro que não se conseguirá resolver o problema da brutalidade policial contra afrodescendentes se não se conseguir ligar com o problema mais amplo das manifestações sistemáticas de racismo que ‘inundam’ as nossas vidas”, disse Tur.
No domingo, durante o jogo com o Valência, o jovem avançado brasileiro do Real Madrid foi, mais uma vez, alvo de insultos racistas por parte de alguns adeptos, que motivaram reacções de vários quadrantes, nomeadamente do Presidente do Brasil, Lula da Silva, e do líder da FIFA, Gianni Infantino.
Nos últimos meses, Vinícius tem sido alvo de vários insultos racistas e, no final de Janeiro, foi o protagonista de um episódio que levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a enviar uma carta às entidades que regem o futebol (FIFA, UEFA e CONMEBOL) a solicitar medidas concretas para punir os comportamentos racistas e aumentar a consciencialização sobre o tema.
Os insultos a Vinícius no Estádio Mestalla, no jogo entre Valencia e Real Madrid, levaram a Liga espanhola de futebol a anunciar que vai solicitar, formalmente, nos próximos dias, alterações à legislação contra a violência, o racismo, a xenofobia e a intolerância no desporto, na sequência dos insultos racistas ao brasileiro que pedir a alteração da lei contra a violência e o racismo no desporto.
VALÊNCIA INDIGNADO COM FECHO DE BANCADA DE ONDE VIERAM INSULTOS A VINÍCIOS JR.
O Valencia emitiu um comunicado a manifestar o seu “total desacordo e indignação” pela “injusta e desproporcionada sanção” imposta pelo Comité de Competição da Federação Espanhola de Futebol, que ordenou o fecho parcial das bancadas do estádio Mestalla por cinco encontros, após os insultos ao brasileiro Vinicius Júnior durante o último jogo com o Real Madrid.
O clube ‘che’ explica que, nesta decisão, o referido comité “manifesta provas que contradizem o que dizem a Polícia e a LaLiga”, acrescentando que não teve acesso às mesmas.
“O Valencia condenou, condena e condenará da forma mais enérgica qualquer acto de racismo ou violência. Estes comportamentos não têm lugar no futebol nem na sociedade e continuaremos a trabalhar de forma contundente para erradicar este flagelo. Por isso, o Valencia está a colaborar com a Polícia e com todas as autoridades pertinentes para esclarecer os acontecimentos do passado domingo. Além disso, aplicámos a pior sanção possível, com a expulsão vitalícia do nosso estádio dos adeptos que a Polícia identificou pelos seus comportamentos racistas”, explica o mesmo comunicado.
E não termina por aí. Ainda de acordo com o comunicado, “por isso, consideramos que penalizar e privar todos os adeptos que não estiveram implicados nestes lamentáveis incidentes é uma medida totalmente desproporcionada, injusta e sem precedentes, contra a qual lutaremos”
Para finalizar, o Valencia afiançou que pretende “recorrer até à última instância” contra o fecho da bancada.