A Organização Mundial da Saúde (OMS) condenou hoje a pretensão dos países mais ricos de administrar a terceira dose da vacina contra a COVID-19, quando há países, sobretudo os mais pobres, que ainda não imunizaram a sua população.
Os países que detêm grandes quantidades de vacinas contra a COVID-19 já imunizaram boa parte da sua população e ponderam avançar para uma terceira dose se assim for necessário. Mas “a OMS alega não existirem provas científicas suficientes sobre a necessidade de se tomar uma injecção de reforço”, escreve o jornal Expresso.
Essa informação não agradou aos ouvidos da Organização Mundial da Saúde, que diz que não faz sentido que os países mais ricos avancem com a terceira dose, enquanto há países pobres que ainda não imunizaram à sua população.
Nesta quarta-feira, Director-executivo do Programa de Emergências de Saúde da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan, disse que a administração da terceira dose contra o novo Coronavírus deixaria milhões de pessoas sem vacinas, sublinhando que qualquer decisão sobre a vacinação deve passar de uma base científica.
“Estamos a dar coletes salva-vidas a pessoas que já têm coletes salva-vidas, enquanto outras pessoas estão a morrer afogadas, esta é a realidade. Vamos tomar as decisões com base nos dados científicos”, explicou o dirigente.
Igualmente, Tedros Adhanom Ghebreyesus recordou que os países mais pobres vacinaram apenas 2 por cento da sua população, facto que não pode passar despercebido aos olhos dos países detentores de vacinas.
“A injustiça nas vacinas é uma vergonha para toda a humanidade e se não a enfrentarmos juntos, prolongaremos o estado agudo desta pandemia por anos, quando poderia acabar numa questão de meses”, acrescentou.
Vários países, como Estados Unidos, Alemanha, França e Bélgica já anunciaram que vão avançar com a imunização de uma terceira dose às pessoas mais vulneráveis, numa tentativa de conter a disseminação da variante Delta do novo coronavírus, actualmente a mais contagiosa.
Os Estados Unidos tencionam, inclusive, alargar a terceira dose a toda a população, aplicando-a oito meses após a conclusão da vacinação com duas doses. Israel foi o primeiro país do mundo a dar uma terceira dose, administrando a pessoas a partir dos 50 anos de idade.