O director-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM), António Vitorino, avalia e apoia a resposta humanitária contínua aos deslocados devido à insegurança em Cabo Delgado, bem como as intervenções para recuperação, resiliência comunitária e construção da paz.
De visita de três dias a Moçambique, António Vitorino escalou o distrito de Metuge, que acolhe mais de 125.000 dos mais de 732.000 deslocados desde os finais de 2017.
“Apelo para rápida expansão da assistência humanitária para o apoio a centenas de milhares de indivíduos deslocados pela contínua insegurança em Cabo Delgado”, disse António Vitorino, que encerra a sua visita na quarta-feira, salientando que a OIM aumentou significativamente as operações para alcançar dezenas de milhares de famílias todos os meses.
Segundo António Vitorino, Moçambique precisa de um financiamento adicional significativo, para cobrir as necessidades humanitárias de salvamento e trabalhar para soluções duradouras, especialmente antes da próxima época chuvosa e de ciclones, em Dezembro.
Dados da OIM apontam que, entre 28 de Julho e 3 de Agosto, mais de 9.200 pessoas deslocadas estiveram em movimento, metade das quais sofreu deslocamentos múltiplos. De acordo com a Matriz de Monitoria de Deslocamentos (DTM), entre Janeiro e Julho de 2021, a OIM Moçambique prestou assistência a mais de 600.000 pessoas em Cabo Delgado, incluindo para a construção de abrigos ou apoio à reconstrução, abrigos de emergência, ou kits de cobertura e artigos não-alimentares ou domésticos.
Contudo, as operações da OIM estão subfinanciadas, especialmente a Coordenação e Gestão de Campos, Abrigos e Artigos Não-Alimentares, Protecção, Saúde Mental e Apoio Psicossocial (WASH) e Saúde em Emergência. Através destes programas, a OIM fornece apoio essencial a indivíduos vulneráveis e afectados pelo conflito, incluindo a assistência psicossocial; avaliação das necessidades de saúde mental das pessoas deslocadas, e fornecimento de encaminhamentos e aumento da consciencialização dentro das comunidades.
“As nossas respostas devem, também, abordar os factores de fragilidade e violência e promover a paz e recuperação sustentáveis. É necessário um apoio crítico à programação da OIM para a construção da paz; a necessidade é mais urgente do que nunca, considerando o contexto em rápida mudança nos distritos do norte de Cabo Delgado”, explicou António Vitorino.
Desde 2019, a pasta de Resiliência Comunitária e Construção da Paz da OIM tem trabalhado para reforçar a resiliência comunitária, a fim de abordar as causas subjacentes à crise em apoio ao Nexo de Desenvolvimento Humanitário e Paz.
Na região centro, há ainda 73 locais de reassentamento que acolhem 93.000 pessoas deslocadas devido ao Idai ou outros ciclones mais recentes e por grandes eventos meteorológicos.
Em 2021, a OIM busca USD 58 milhões para apoiar os esforços de emergência e pós-crise em Moçambique, ao abrigo do Plano de Resposta à Crise da OIM Moçambique, que inclui USD 21,7 milhões para responder às necessidades humanitárias imediatas de salvamento no norte de Moçambique, através do Plano de Resposta Humanitária deste ano, que continua subfinanciado.