Com a pandemia da COVID-19, muitas expressões ficaram conhecidas como é o caso de Home Office, que significa escritório em casa, trabalhadores tiveram de mudar as suas rotinas e, da noite para o dia, passaram a trabalhar a partir de casa.
Longe do intenso tráfego rodoviário e do frenesim que caracterizam as cidades capitais, bem como da habitual luta pelo transporte, que expõem os trabalhadores a COVID-19, muitas empresas do país e do mundo adoptaram novas formas de trabalho: a rotatividade e o trabalho a partir de casa, como forma de proteger os seus colaboradores da pandemia.
Há um ano que Manuela Lima trabalha a partir de casa, ela é oficial de verificação no ramo das telecomunicações e conta que, no princípio, não foi fácil adaptar-se a esse “novo normal”, uma vez que tinha problemas de internet e com o sistema usado pela sua empresa.
Para além destas dificuldades, Manuela conta que procurar um lugar calmo e confortável para trabalhar, foi complicado, uma vez que, dependendo do lugar, facilmente podia-se distrair.
“Achei um cantinho, mas, ainda assim, tem aquele momento que a minha mãe chega para dar um recado, ou fazer uma pergunta e já me distraio, tem a televisão que todos usam, mas tenho, também, às vezes, que parar para fazer algumas tarefas domésticas”, contou.
Sempre ligada ao telefone e ao computador, Manuela passa mais de oito horas a trabalhar, e explica que trabalha mais em casa que no escritório, uma vez que não tem hora para começar e nem para terminar.
A fonte diz ainda que, “engana-se quem pensa que, por estar em casa, pode haver espaço para faltar, visto que sempre que estamos conectados, os colegas no escritório já sabem que estamos a trabalhar e também porque temos sempre que estar a interagir e, no final, precisam de resultados concretos”, explicou.
Apesar de a Manuela mostrar-se à vontade com a nova forma de trabalhar, o assistente administrativo, Arsénio Comé, não gostou da experiência, por tratar-se de uma rotina monótona e sem muito espaço de interacção.
“Para mim, é como se fosse uma cadeia, você não sai, não vai a rua, a única missão é ficar em casa e concluir o trabalho e eu não me sentia confortável com isso, olhar as mesmas paredes cansa”, desabafou o assistente administrativo.
Foi a vontade voltar à rotina do período anterior à pandemia da COVID-19 que o levou a trabalhar, novamente, a partir do escritório, por ser mais confortável.
Estar com amigos e ver o ambiente externo, a que estavam acostumados foram, igualmente, os factores que o fizeram regressar ao escritório em janeiro, 10 meses depois de iniciar o Home Office.
“Agora sinto que estou a trabalhar de facto, não que em casa o trabalho não fosse produtivo, pelo contrário, até trabalhava mais, mas este ambiente de trabalho é que me agrada mesmo”, apontou.
Para evitar que situações como a do Arsénio aconteçam, o psicólogo Plínio Fonseca recomenda que, mesmo em casa, deve manter-se uma rotina normal de trabalho, contacto constante com amigos e colegas e mais pesquisas sobre o trabalho e a pandemia, mas chama atenção para as distracções.
“É comum que haja focos de distracção, porque estamos num ambiente fechado e sem nenhum controlo e com todos elementos de distracção possível, mas é preciso manter o foco, é preciso criar um núcleo duro que vai nos permitir trabalhar como se estivéssemos mesmo no trabalho”.
Eles não têm, em casa, crianças que facilmente podem roubar-lhes a atenção, mas para quem está numa situação diferente, é preciso dividir o tempo com as crianças, adoptando horários para actividades conjuntas e fazê-las perceber que, mesmo em casa, o colaborador está a trabalhar.
Muitas empresas, que colocam os seus colaboradores a trabalharem a partir de casa, voltaram ao sistema anterior à COVID-19, ou optam por tarefas de forma híbrida.