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Nyusi quer maior uso de ferrovias no transporte de carga

O Presidente da República inaugurou, hoje, quatro cais no Porto de Maputo, recentemente reabilitados e ampliados. Com a reabilitação, os pontos passam a poder receber navios de 140 mil toneladas. Filipe Nyusi desafiou a empresa Portos e Caminhos de Ferros de Moçambique a fazer uma abordagem integrada para aliviar as estradas.

A reinauguração é resultado de um investimento de mais de 70 milhões de dólares que o Porto de Maputo alocou para a reabilitação dos cais 6,7, 8 e 9. O plano era permitir que o porto passasse a receber navios de grande calado em simultâneo. Já é um facto, o Porto de Maputo pode, agora, receber navios de 140 mil toneladas.

Terminadas as obras, que iniciaram em 2021, o Presidente da República, Filipe Nyusi, fez a inauguração. Mas, antes, foi-lhe explicada a importância de cada um dos pontos, numa passeata que fez pelo Porto com o Administrador Delegado do MPDC, Osório Lucas.

Feito isso, Filipe Nyusi deu considerações sobre o que acabara de ver. O Presidente elogiou, e de que maneira, a imponência dos cais, destacando que vai trazer vários ganhos para a economia moçambicana, principalmente por garantir o fluxo de mercadorias, como minérios.

Ainda assim, o Chefe de Estado não ignorou o facto de que, associado à inauguração de cais ampliados no Porto de Maputo, se impõem novos desafios. Por isso, “quero chamar atenção à empresa Portos e Caminhos de Ferros para viabilizar este empreendimento, significa trazer e exportar mais carga e isso é fundamental, se não, será um investimento dependente dos ventos da economia, enquanto o que queremos é a regularidade no nosso funcionamento”, disse Filipe Nyusi.

Mas, mais do que o trabalho do Porto de Maputo, Nyusi exigiu que o sector de logística procure funcionar de forma integrada. Isso tem razão de ser no facto de as estradas estarem a ser pressionadas pela carga que é manuseada pelo Porto de Maputo e outros.

Por exemplo, de acordo com os dados do Ministério dos Transportes e Comunicações, das 22.3 mil toneladas de carga manuseada no ano passado, 70% foi transporte rodoviário, ficando apenas 30% para o ferroviário.

Ainda no discurso de ocasião, o Presidente da República disse que é preciso que se adopte uma nova abordagem, à luz da qual as modalidades de transportes são elementos de integração no corredor de Maputo e nas cadeias de valor nacionais.

“Eu falei da necessidade de integração, porque há vezes que pensamos que ‘isso é do município, aquilo é do Governo ou do Porto’, esquecemos que essas coisas se interligam. Maputo é uma cidade, assim como Matola o é. Então, tem de haver actividades bem pensadas e conjuntas e talvez comparticipadas para melhorar a própria produção nesta cidade, na Beira e em Nacala”, disse Nyusi.

Com a nova capacidade instalada no Porto de Maputo, Filipe Nyusi acredita que se abre uma janela para que Moçambique continue a ser um actor cada vez mais relevante na área de logística a nível da região e não só. Por isso mesmo, deve-se “manter a nossa posição geoestratégica, trazendo soluções logísticas atractivas em comparação com outros portos que enfrentam problemas de congestionamento”, frisou.

A perspectiva do Presidente da República surge numa situação em que o Porto de Maputo é o maior do país e um dos mais relevantes da região. Desde 2003, o Porto de Maputo é gerido pelo MPDC e, ainda hoje, Nyusi destacou a aprovação, em Março, do decreto que alarga a área de concessão para o MPDC, passando de 140 para 238 hectares.

A ideia é garantir uma série de investimentos que estão em linha com a estratégia do porto, nomeadamente, o aumento da capacidade ferroviária para manuseamento de crómio de 2.2 para 4.2 milhões de toneladas por ano, novas áreas de armazenamento, através da reclamação de terra ao mar, expansão da área para armazenamento de carvão e magnetite na Terminal de Carvão da Matola dos actuais 7.3 para 12 milhões de toneladas/ano e a harmonização do terminal de cabotagem, aumentando a disponibilidade de cais ao serviço da navegação de cabotagem.

“Foi difícil ceder apenas a uma empresa para que não seja monopólio, mas acreditamos que tem sido impressa, vai ser mais-valia para Moçambique”, explicou o Presidente da República.

E mais, o Chefe de Estado reconhece que, num cenário em que o país saiu dos efeitos nefastos da COVID-19 e mesmo assim há investimentos a serem feitos, é importante que o Governo se faça presente.

“Queremos, por isso, reiterar o papel orientador do Ministério dos Transportes e Comunicações e vivamente manifestar a nossa saudação à MPDC e aos CFM pelo empreendimento, pois emite o sinal claro de uma gestão orientada para resultados de médio e longo prazos, numa óptica de desenvolvimento estrutural, a despeito de situações conjunturais adversas”, disse. 

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