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Nyusi quer aposta na energia hídrica para suprir défice energético na SADC

Moçambique acredita que tem potencial para gerar energia suficiente para alimentar a África Austral, mas isso requer aposta contínua em energias limpas, como a hidráulica. O posicionamento foi deixado, ontem, por Filipe Nyusi, à margem da COP 27, no Egipto.

Moçambique tem um grande potencial hídrico para geração de energia eléctrica para alimentar a região austral. Entretanto, trata-se de um potencial que ainda não está a ser explorado na sua plenitude. Filipe Nyusi diz que a aposta do seu Governo é investir neste tipo de energia limpa.

“Estamos numa fase avançada de desenvolvimento do projecto hidroeléctrico de Mpanda Nkuwa, sobre o Rio Zambeze, com capacidade para produzir 1500 megawatts de energia. Este empreendimento exigirá um investimento estimado de 4,7 mil milhões de dólares norte-americanos, incluindo a linha de transporte de energia de alta tensão, que irá potenciar a geração de energia para a região. Através da linha de transmissão e infra-estruturas para a África do Sul, Zimbabwe, a linha Moçambique–Malawi (em construção) e a prespectiva de ligação Moçambique–Zâmbia e Moçambique–Tanzânia, poderemos suprir o défice energético na região a menor custo”, referiu o Chefe de Estado, para quem a cooperação regional é determinante para o alcance deste objectivo.

“Estamos cada vez mais cientes de que energias regionais irão colmatar o défice energético, o que acelera a integração económica regional com efeitos positivos para a geração de empregos e a balança comercial.”

Nyusi entende que Moçambique pode produzir mais, apostando em energias limpas e de transição como o gás. “[O país] tem uma matriz energética diversificada, em que a energia hídrica representa 77% da geração actual de energia no mercado interno, sendo um dos fornecedores de energia aos países vizinhos. Neste sentido, tendo em conta o potencial hídrico, o país deverá posicionar-se como um grande produtor de energia limpa, em substituição das outras fontes como o gasóleo e o carvão. [O país] possui reservas de 180 Tcf (triliões de pés cúbicos) de gás natural, com projectos em desenvolvimento, cujos investimentos poderão rondar os 50 mil milhões de dólares norte-americanos, com efeitos transformacionais sobre a nossa economia”, precisou Nyusi.

O Presidente da República disse que “tendo em consideração que o fornecimento de energia solar é intermitente, por depender de condições climatéricas, o gás, por ser menos poluente, deverá ser considerada a fonte de energia durante o período de transição, o que pode colocar Moçambique num lugar privilegiado no que concerne à diversificação das fontes energéticas no mercado global”, terminou.

Filipe Nyusi falava, na última terça-feira, numa conferência sobre a transição energética e o papel da energia hídrica, à margem da COP 27, no Egipto.

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