A ponte sobre o rio Montepuez, na Estrada Nacional n°380, liga a Estrada Nacional n°1 com os distritos de Quissanga, Meluco, Macomia, Muidumbe, Mueda, Nangade, Mocímboa da Praia, Palma e Ibo, quase todos afectados pelo terrorismo. A sua construção durou apenas seis meses – um recorde que pode ter a ver com a necessidade de reforçar a logística no teatro operacional-norte.
Na madrugada de 28 de Dezembro do ano passado a ponte de betão armado construída no tempo colonial sobre o rio Montepuez, no distrito de Quissanga, desabou, tendo deixado isolados 9 distritos da parte norte da província de Cabo Delgado. Dada a importância daquela infra-estrutura, o Governo teve que encontrar soluções alternativas, a primeira das quais foi fazer um desvio estreito que só permitia a passagem de viaturas com capacidade de carga de até três toneladas e meia.
O Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos teve o desafio dos mais espinhosos de sempre de garantir a construção de uma ponte mais robusta, com mais capacidade de suporte de carga por veículo (50 toneladas); antes do pico da época chuvosa, com um custo de mais de 817 milhões de meticais saídos dos cofres do Estado.
“Foi uma infra-estrutura que foi erguida em condições completamente adversas e de muita incerteza, mas graças à contagiante perspicácia e determinação de V.Excia, conseguimos hoje, em menos de seis meses, isto é, fizemos a ponte em 112 dias e não em 180 dias para que rapidamente respondermos à pressão que recebíamos de V.Excia no sentido de rapidamente podermos prover condições de transitabilidade neste local”, avançou João Osvaldo Machatine, ministro das Obras Públicas, na cerimónia de inauguração, dando o enquadramento de uma urgência que o Presidente da República tinha de ver a circulação restabelecida naquela “espinha dorsal” que liga o centro e o norte da província de Cabo Delgado.
Nada é ao acaso. Em finais de Outubro deste ano o Chefe de Estado procedeu, a partir de Pemba, depois de ter feito um sobrevoo sobre os distritos assolados pelo terrorismo, e de ter visitar uma posição das Forças de Defesa e Segurança (FADM) em Macomia, prometeu reforço logístico no teatro operacional-norte para “perseguir de forma estruturada o inimigo”.
Para o efeito, a ligação rodoviária era crucial. Basta lembrar que até aqui a assistência às forças que estão em combate é feira por via aérea, e nem sempre chega a tempo quando se está sob fogo cruzado.
O director-geral da Administração Nacional de Estradas, Américo Dimande, explicou ao Presidente que a ponte ora inaugurada tem uma estrutura metálica modular que foi feita na China, com 225 metros de comprimento e 8.4 metros de largura, com pilares “enterrados” a uma profundidade que permitiu assentar na camada sólida do subsolo para garantir maior resistência de toda infra-estrutura.
“O contrato inclui a concepção do projecto, a construção da ponte e a as vias de acesso e a componente de manutenção – todas estas componentes estão sobre a responsabilidade do empreiteiro” chinês, CRB.
O Presidente da República diz que este é o presente que a população de Cabo Delgado merecia e quer que a mesma seja conservada, devendo-se respeitar o limite máximo de carga por veículo.
“A ponte tem capacidade máxima de carga de 50 toneladas por veículo e está projectada para um horizonte de 10 anos, com garantia de manutenção de cinco anos após a sua entrada em serviço. Portanto, temos uma empreitada de 10 anos para podermos fazer definitivamente uma ponte e isso vai nos assegurar. Com a reposição desta ponte está assegurada a ligação entre os distritos outrora isolados e o resto do país, o que vai dinamizar o desenvolvimento económico-social da província de Cabo Delgado, beneficiando directamente mais de 490 mil pessoas”, anotou Filipe Nyusi.
O Chefe de Estado solidarizou-se também com a população de Cabo Delgado que está a ser vítima de terrorismo e assinalou o papel das FDS na luta contra os insurgentes. “À população de Cabo Delgado queremos aqui manifestar a nossa solidariedade e encorajamento para continuar firme na defesa da soberania do país face às acções terroristas daqueles que lutam contra a independência do nosso país e não querem ver o bem-estar e a prosperidade do nosso povo. Às FDS queremos aqui saudar a sua entrega e bravura no teatro das operações para o restabelecimento da ordem e segurança pública”.
Paralelamente à inauguração da ponte, foram entregues 17 viaturas para igual número de administradores distritais daquela província do norte de Moçambique.