Malawi vai passar, pela primeira vez na história, a contar com energia em quantidade significativa fornecida por Moçambique. Os Presidentes de Moçambique e do Malawi lançaram, hoje, as obras de construção de uma linha que vai ligar os dois países, avaliada em 66 milhões de dólares.
O Presidente da República do Malawi encontra-se em Moçambique para uma visita de Estado de quatro dias. Lazarus Chakwera foi recebido pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, na província de Tete onde, no distrito de Changara, foi lançada a primeira pedra para a construção de uma linha de fornecimento de energia eléctrica, numa extensão de 218 km.
Com a concretização deste projecto em Novembro de 2023, Malawi passará, pela primeira vez, a receber energia eléctrica de Moçambique, numa quantidade substancial que, numa primeira fase, será de 50 megawatts.
“Malawi é um dos 10 países, à semelhança da Tanzânia e Angola, ainda não interligados com a região da SADC, a nível da rede de transporte de energia. Por isso, o acto que hoje testemunhamos constitui, como o Presidente Chakwera disse aqui, um verdadeiro marco histórico nas relações entre ambos os povos, bem como para a região. Estes resultados são fruto da determinação para revitalizar a cooperação entre os dois países, no decurso do encontro que mantive com a Vossa Excelência Presidente Chakwera em Songo e, por essa razão, permita-me, mais uma vez, endereçar o meu reconhecimento pela vossa ampla visão, dedicação e colaboração frutífera”, declarou o Presidente da República, Filipe Nyusi.
Trata-se de um projecto co-financiado pelo Banco Mundial e pelos governos da Alemanha e Noruega, que vai diminuir o défice energético naquele país vizinho.
“Este projecto irá, sobremaneira, dar alento ao Malawi no uso de recursos energéticos em diversas circunstâncias. Esta interligação irá reduzir a lacuna na procura e oferta deste recurso, bem como impactar na agricultura, manufactura e prestação de serviços. Vai potenciar o nosso sistema eléctrico, diversificando várias fontes de energia e permitir que haja uma redundância nos sistemas de fornecimento de energia eléctrica. Esta linha será uma forma de rendimento para o Malawi, quando o país começar a exportar energia, também, para a região”, disse o Presidente malawiano, Lazarus Chakwera.
Os dois Chefes de Estado seguiram para a província de Nampula, mais concretamente na zona portuária de Nacala. Antes de entrarem no recinto, receberam explicações dos gestores da empresa Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique, entidade do Governo que voltou a gerir o Porto de Nacala em 2020, depois de 15 anos de concessão.
Neste momento, o porto está a beneficiar-se de obras de reabilitação, ampliação e modernização, cujos trabalhos estão a 64% de execução.
O Porto de Nacala é importante para as importações e exportações do Malawi, sendo que 16% da carga manuseada é daquele país, com destaque para fertilizantes e clínquer.
“Este porto, como foi dito, tem capacidade para receber todo o tipo de navios e está a ser totalmente reconstruído para ser mais flexível e competitivo. O equipamento que estamos a ver aqui é de alta qualidade que não tem em muitos portos da África Austral, incluindo Moçambique. Portanto, quisemos fazer esta pequena amostra para o Presidente do Malawi ver e não só. A nossa actual estratégia é envolver o utilizador nas soluções dos problemas da linha”, reiterou Nyusi.
Lazarus Chakwera sublinhou que é com a partilha de infra-estruturas como estas que se materializa o conceito de integração regional.
“Nós acreditamos que este tipo de acções irá permitir a industrialização e integração regional, em termos de circulação de pessoas e bens e, actualmente, espero tirar os benefícios desta visita com a assinatura de três grandes acordos, do Corredor de Desenvolvimento de Nacala, da linha férrea, transporte e logística”, finalizou Chakwera.
Durante a visita a Moçambique, os dois Presidentes vão manter, esta sexta-feira em Maputo, conversações oficiais.