Filipe Nyusi defende que não se deve subestimar o terrorismo, porque ainda constitui um desafio para o país. Apesar das ameaças prevalecentes, Nyusi diz que o país vai arrancar com o processo de reconstrução de serviços básicos destruídos pelos terroristas. O Presidente da Frelimo falava, hoje, no arranque do V Comité Central do partido, na Matola.
À sua chegada, o Presidente do partido foi recebido com cânticos entoados por membros das organizações sociais do partido, com destaque para a OJM, continuadores e a OMM. Em jeito de aquecimento, até arriscou alguns passos de dança. Em seguida, dirigiu-se à sala magna, onde os delegados e demais convidados aguardavam por si.
Antes do arranque dos trabalhos, os vários órgãos sociais do partido entoaram canções em saudação à V Sessão do Comité Central. Chamado a intervir, Filipe Nyusi explicou os pontos em agenda no evento. “Esta sessão vai avaliar o nível de preparação para o 12º congresso, cujas actividades iniciaram com a criação dos respectivos gabinetes, a nível central, provincial e distrital, bem como o início do estudo das teses. Como parte desse processo, apreciaremos, nesta sessão, a proposta da directiva das eleições internas para os órgãos do partido, que deverão iniciar, de imediato, para capitalizar o tempo limitado de que dispomos até à realização do 12º congresso. Apreciaremos, ainda, o plano de actividades e o orçamento do partido, para este último ano de implementação do Programa Quinquenal do Governo aprovado pelo 11º congresso, com as atenções viradas para a preparação da nossa vitória, nas sextas eleições autárquicas, marcadas para Outubro do próximo ano”, introduziu.
TERRORISTAS ATACAM PARA ROUBAR COMIDA
O Presidente do partido avançou ainda ganhos alcançados pelo Governo por si liderado no enfrentamento dos diversos males que afectaram a sua governação.
“Moçambique é um dos poucos países no mundo que conseguiu controlar a pandemia da COVID-19, com medidas equilibradas para reduzir o impacto negativo sobre a economia e evitar o colapso do Sistema Nacional de Saúde, bem como a vacinação de mais de 90 por cento da população constante do grupo-alvo. Por outro lado, os progressos das nossas Forças de Defesa e Segurança, apoiadas pelas forças locais, do Ruanda e da SAMIM, permitiram reduzir a incidência dos ataques terroristas. Nos últimos tempos, os terroristas, cada vez mais enfraquecidos, protagonizam ataques esporádicos, em pequenos grupos, por vezes, com o objectivo de roubar comida. Em face disso, decorrem acções de perseguição e clarificação do terreno”, garantiu.
“VAMOS REPOR OS SERVIÇOS BÁSICOS DESTRUÍDOS”
Em resultado desses avanços no terreno onde se combate ao terrorismo, Filipe Nyusi anunciou o arranque da fase de reconstrução das zonas recuperadas.
“O nosso Governo aprovou e está a implementar o Plano de Reconstrução de Cabo Delgado. O plano consiste na reposição das infra-estruturas de serviços básicos, tais como vias de acesso, água, energia, telecomunicações, hospitais, escolas e retoma dos serviços da administração pública e financeiros, o que está a encorajar o retorno gradual das populações deslocadas para as suas zonas de residência. Não obstante os progressos alcançados, o combate ao terrorismo continua a constituir um grande desafio para o nosso país, sem nenhuma subestimação nem espírito triunfalista. O nosso Governo continua a envidar esforços, com vista a alargar a sua capacidade nacional de defesa e na realização de investimentos para o desenvolvimento económico e social, sendo que terão o impulso de um programa de resiliência e desenvolvimento integrado da zona Norte a ser aprovado dentro de dias. O programa, cujo financiamento é assegurado por alguns parceiros, visa criar um ambiente de estabilidade na província de Cabo Delgado e nas províncias vizinhas de Nampula e Niassa; reduzir a vulnerabilidade das comunidades da radicalização e extremismo violento”, detalhou.
BASES DA RENAMO SERÃO DESMANTELADAS ATÉ FINAIS DESTE ANO
O também Presidente da República anunciou, para finais deste ano, o fim do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos homens da Renamo.
“Até à data, 12 das 16 bases da Renamo foram totalmente encerradas, tendo-se realizado actividades num total de 13 bases, incluindo uma base principal em Gorongosa, província de Sofala. A base de Cuamba foi desactivada recentemente, a 11 de Maio, tendo sido desmobilizadas 281 pessoas. Note-se que 68% de todos os beneficiários do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração foram alcançados e estão, agora, nas suas casas no processo de reinserção em quase todos os distritos do país. Até ao fim de 2022, as quatro bases em falta poderão ser encerradas, sendo que as que faltam são de Montepuez, Mocuba, Sabié e a última em Gorongosa.
Segundo Nyusi, todas as bases encerradas serão alvo de visitas regulares para verificar a sua inactividade.
RETOMA DO FMI VAI DEMANDAR APERTOS
Quanto à retoma do financiamento do FMI, Nyusi reiterou que o Governo fará o seu melhor para não prejudicar os moçambicanos.
“A retoma do programa com o Fundo Monetário Internacional, no financiamento ao Orçamento do Estado, depois de um longo período de suspensão devido à situação das dívidas não declaradas, é um sinal da confiança ao nosso Governo e abre novas perspectivas na atracção de investimentos nacionais e estrangeiros. Contudo, temos noção de que isso vai significar algumas medidas de perto, do nosso lado, exigiremos maior rigor e atenção na implementação do programa, de modo a não trazer um impacto muito negativo ao cidadão”, terminou.
Não obstante as ameaças do terrorismo, o Presidente da Frelimo assegurou que os investidores têm interesse em arrancar com a exploração do gás natural, na Bacia do Rovuma, no segundo semestre deste ano.