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“Nyusi deve desculpas aos moçambicanos”

As bancadas da Renamo e MDM dizem que o informe anual sobre o Estado da Nação deve servir para fazer o balanço dos 10 anos de governação de Filipe Nyusi. Os deputados querem que Nyusi peça desculpas ao povo pelas promessas não cumpridas. Mas a Frelimo espera que o Chefe de Estado se refira aos ganhos alcançados no último ano de governação.

O Presidente da República, Filipe Nyusi, vai proferir, esta quarta-feira, o seu décimo e último informe anual sobre o Estado Geral da Nação, na habitual cerimónia que tem lugar na Assembleia da República.

A nossa equipa de reportagem ouviu as expectativas das três bancadas parlamentares, em relação à ida de Filipe Nyusi à “Casa do Povo”, naquela que será a sua última intervenção como Presidente de Moçambique.

Os representantes do povo, que estarão atentos para ouvir, dizem que é incontornável que o Presidente da República faça o balanço dos dois mandatos de governação.
Silvério Ronguane, do MDM, fala de retrocessos na nossa economia.

“Não é apenas dos cinco anos, mas é o balanço do mandato, são 10 anos. Esperamos que faça esse balanço com sinceridade, porque, fazendo com sinceridade, é aquilo que todos nós sabemos, que deixa o país numa situação precária”.

A precariedade do Estado, de acordo com Ronguane, verifica-se na defesa, economia e protecção de direitos fundamentais.

“O que esperamos é que o presidente diga claramente que falhou, porque deixa o país muito mais pobre, deixa a nossa economia muito mais embaixo, deixa os trabalhadores numa situação muito precária e, de modo particular, os seus servidores mais próximos, que são os funcionários públicos. A prova é que estamos numa altura em que há professores que estão quase numa espécie de greve silenciosa”, desabafou.

A Renamo diz que a corrupção foi a bandeira da governação de Filipe Nyusi, e espera ouvir a confirmação, na voz de Filipe Nyusi.

“Espero, sinceramente, que ele seja honesto, sincero com o povo moçambicano e procure despedir-se de forma harmoniosa e também numa possível reconciliação com o povo moçambicano, porque deixa muita tristeza e deixa muito a desejar. São eventos que ocorreram na sua governação, a questão das dívidas ocultas, que foi penhorado um povo, à sua sorte. Tivemos uma situação de ajustes directos, tivemos também situações de crime organizado, de droga, e isto tudo mereceu de uma intervenção negativa. O que nós esperávamos era que o mais alto magistrado da nação tivesse tido um punho, pondo fim a situações sombrias, de tristeza, corrupção, de um mau ambiente, no que tange à tolerância política”, disse o porta-voz da bancada, Arnaldo Chalaua.

Mas a Frelimo diz que não é bem assim. O momento é apenas para informações do último ano, que, no entender do partido, foi de sucessos.

Dias Letela fez questão de citar alguns dos sucessos.

“Vamos ver que tivemos grandes avanços na educação. Há quem critique, olhando para a questão, por exemplo, da chegada tardia do livro, que é um facto, não devia ser assim, mas também temos que olhar para a situação da própria infra-estrutura, naquilo que é a educação, que foi um grande avanço. A cada dia, temos notado aquilo que são as inaugurações de escolas novas. Mas não só há esta notícia, é novidade que estamos a receber, ao longo desses dias, que é a situação daquilo que era a reclamação total dos professores, a situação do pagamento de horas extras, a situação do pagamento dos salários dos novos contratados. Então, isto também é um dos desafios que o governo sempre teve e, hoje, teremos o Chefe de Estado a apresentar os ganhos que o país foi alcancando”.

Esta quarta-feira, espera-se que o Presidente da República chegue à Assembleia da República às 10 horas.

 

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