O Presidente da República reiterou, esta quarta-feira, que o país vai continuar a lutar contra o terrorismo no norte, inspirando-se no contributo dado por João Facitela Pelembe, combatente da luta de libertação nacional. Filipe Nyusi falava nas cerimónias fúnebres do major-general na reserva, que mereceu honras do Estado.
Filipe Nyusi esteve nas exéquias fúnebres do major-general na reserva, João Facitela Pelembe, que perdeu a vida no dia 14 do mês em curso, vítima de doença. Nos elogios fúnebres, o Presidente da República destacou os princípios do veterano de luta de libertação nacional, como os ideais que devem inspirar a luta contra os males que hoje assolam o país.
“O major-general na reserva incutiu nos seus colaboradores o princípio de que, quando um compatriota tomba em combate, devemos pegar a sua arma e continuar com aluta”, expressou Nyusi, que considera tal axioma como nota motivadora para os desafios actuais.
“Major-general, pela independência pela qual lutaste, contra a dominação estrangeira, continuaremos a combater o terrorismo em Cabo Delgado; pela defesa da soberania que ajudaste a conquistar, vamos vencer os ataques armados da autoproclamada Junta Militar da Renamo, no centro do país; e, pelo bem-estar do povo moçambicano, que sempre procuraste construir, juntos e unidos vamos buscar a solução para vencer a pandemia da COVID-19”, afirmou o Presidente.
Nyusi sublinhou assim, que “essa solução é a consciência solidária” dos moçambicanos, a mesma que se usou com o veterano para que se ganhasse a bandeira que o cobriu nas exéquias.
UM COMBATENTE MULTIFACETADO
De um combatente multifacetado da luta armada de libertação nacional a um político com factos inusitados na história, como a aludida demissão de governador de Gaza, em 1982, por alegada “incúria, incompetência, incapacidade e relaxamento”, João Facitela Pelembe é descrito pelos seus colegas de trincheira como um homem que “muito contribuiu para o país”.
Pelembe nasceu em 1940, em Panda, província de Inhambane e imigrou para Maputo na década de 50.
“Tendo ganho a consciência dos malefícios do colonialismo português, em 1964 enceta uma aventura na companhia de Sebastião Marcos Mabote, para Tanganica, hoje Tanzânia, onde integra-se na Frente de Libertação de Moçambique”, narrou o general na reserva António Hama Thai, durante os elogios fúnebres.
Hama-Thai assinalou ainda que “imbuído de alto espirito patriótico”, Pelembe treinou em Bagamoio, Kongwa e Nachingweia, com especialista de estratégia e táctica de guerrilha.
A biografia do finado aponta ainda que no ano 1965 teve uma formação na União Soviética e que após o seu regresso, foi afecto na província do Niassa, em 1966. “Aqui ficaram mais claras as qualidades deste general, hoje inerte”, testemunhou Thai.
“Por um lado é comissário político, por outro é comandante. Essas qualidades se evidenciaram na província de Cabo Delgado, quando dirigiu o assalto à guarnição colonial de Nachipaque, em 1967, tendo capturado dois soldados do exército colonial português”, acrescentou Thai, durante a leitura de sua biografia, sublinhando que o veterano “teve um papel importante no avanço da luta nesta província”.
No seu vasto contributo na história de libertação do país, Pelembe teve um papel importante na preparação e realização do segundo congresso que o nomearia secretário provincial de Inhambane, isto, em 1968.
“Exerceu funções com competência e dedicação”, afirmam os colegas, e foi na base das suas competências que foi eleito membro do comité central da Frelimo, desde o segundo congresso até ao décimo.
“Podemos afirmar, sem dúvidas, que a experiência do major-general João Pelembe foi bem utilizada, daí resulta a sua mais alta nomeação para o cargo de comissário político de Tete, em 1969”, conclui Hama Thai.
João Pelembe perdeu a vida aos 80 anos de idade. Um dos seus maiores destaques é o de ter sido o primeiro governador da província de Inhambane.
Em 2012, ainda em vida, o major-general na reserva escreveu uma obra intitulada “Lutei pela Pátria”.