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Nyusi anuncia que líder terrorista que actua em Cabo Delgado é um moçambicano

É a primeira vez que o Presidente da República faz essa revelação. Afinal, o líder dos terroristas que semeiam terror no Norte do país chama-se Abu Sorraca, mais conhecido por Bin Omar, e é de nacionalidade moçambicana. A informação foi avançada, hoje, em Maputo, por Filipe Nyusi. Na mesma cerimónia, o Chefe de Estado defendeu ainda a não ingerência de diplomatas nos assuntos internos dos países.

Foi durante a cerimónia de saudação do corpo diplomático acreditado em Moçambique ao Presidente da República, por ocasião do ano novo, que Filipe Nyusi fez revelações sobre a liderança dos terroristas que actuam no país.

“Os terroristas já não têm bases, actuam em pequenos grupos e têm merecido a devida resposta. Inquestionavelmente, a nossa estratégia está a trazer resultados animadores na reposição da paz e segurança no país, encorajando o retorno das populações deslocadas e na reconstrução do tecido social. A nível nacional, o grupo é liderado pelo moçambicano de nome Abu Sorraca, como é espiritualmente agora tratado, mas o nome com o qual é mais conhecido é Bin Omar e assistido por cidadãos estrangeiros e temos nomes de tanzanianos que estão com ele”, detalhou o Chefe de Estado.

“RECURSOS DEVEM SER TRANSFORMADOS EM RIQUEZA”

Na mesma esteira de ideias, Filipe Nyusi garantiu que o seu Governo tudo fará para a retoma da exploração do gás na Bacia do Rovuma. “O Governo continua a interagir com as companhias que operam no sector de gás na Bacia do Rovuma, com vista à retoma dos projectos iniciados, de modo a que os recursos existentes sejam transformados em riqueza e não em reservas internacionais e, desta feita, servir aos moçambicanos de hoje e de amanhã. É por isso que estamos a trabalhar para a criação do Fundo Soberano”, garantiu.

MOÇAMBIQUE ASSUME PRESIDÊNCIA NO PRÓXIMO MÊS DO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU

O Estadista agradeceu aos países representados pelos respectivos chefes das missões diplomáticas pelo apoio na eleição de Moçambique como membro não-permanente das Nações Unidas, tendo avançado a agenda que Moçambique pretende defender.

“Inspirado no tema do nosso mandato centrado na paz e segurança internacional e desenvolvimento sustentável, no próximo mês de Março, Moçambique assumirá a presidência rotativa do Conselho [da Segurança da ONU]. O tema que iremos presidir será subordinado ao tema do combate ao terrorismo e prevenção do extremismo violento, através do reforço da cooperação entre as Nações Unidas e os organismos e mecanismos regionais.”

PR NÃO QUER INTERFERÊNCIA DOS DIPLOMATAS NOS ASSUNTOS INTERNOS

Perante os chefes de missões diplomáticas acreditados no país, o Chefe de Estado defendeu a não ingerência dos diplomatas nos assuntos internos. “Que este encontro seja para reafirmar o respeito mútuo pela soberania do país e integridade territorial. Os meus embaixadores acreditados nos vossos países são instruídos e orientados a observar esse respeito. Segundo, que haja reconhecimento da igualdade entre os Estados, não há Estado pequeno nem Estado grande. Terceiro, que não haja ingerência nos assuntos internos. Os meus embaixadores estão totalmente instruídos a não meter-se na vida dos países onde se encontram; não ir onde não devem ir, não falar o que não devem”, advertiu.

SOBRE O DDR: NYUSI ANUNCIA GRUPO PARA GERIR PROCESSO DE PENSÕES

Noutro desenvolvimento, o Chefe de Estado revelou ainda desenvolvimentos em relação ao processo de Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração de homens da Renamo. “Enquanto procuramos estabelecer um consenso sobre o encerramento da última base da Renamo, na província de Sofala, criamos um grupo que se dedica à questão de pensões dos beneficiários do DDR, componente essencial para a sustentabilidade do processo. Continuamos a interagir com os parceiros, incluindo instituições financeiras internacionais e a comunidade internacional na questão complexa das pensões. O modelo do DDR poderá contribuir no aprimoramento dos padrões integrados do DDR das Nações Unidas e servir de referência para a resolução sustentável de conflitos internos de outras latitudes do mundo”, confiou.

AUTÁRQUICAS 2023: NYUSI PEDE APOIO MONETÁRIO AOS PARCEIROS

Sobre o processo de descentralização, Nyusi voltou a defender a discussão em relação à viabilidade das eleições distritais em 2024 e pediu ajuda dos parceiros para a viabilização das eleições autárquicas deste ano. “Lançamos um apelo à sociedade para uma reflexão profunda, realista e desapaixonada sobre a viabilidade das eleições distritais, como prevê a Constituição [da República]. A nossa Assembleia da República aprovou a criação de mais 12 autarquias, as acções preparativas das 65 autarquias já estão em curso. Mais uma vez, exortamos os nossos parceiros de desenvolvimento ao apoio necessário para o sucesso deste processo.”

RP CRITICA MODELO DE AJUDA ATRAVÉS DE ORGANIZAÇÕES

O Estadista voltou a defender compensação aos países que menos poluem e sofrem os efeitos das mudanças climáticas. “As promessas que foram feitas depois dos ciclones Idai e Kenneth, apenas um terço é que se conseguiu fazer o desembolso. Há um modelo de desembolso que se tem feito através de organizações, não estamos contra, mas o que notamos é que vemos mais visitas aos locais afectados e mais seminários e isso não tem impactos na vida das populações e para nós fica difícil monitorar”, criticou Nyusi.

No final do encontro, houve espaço para confraternização entre os membros do Governo e os chefes das missões diplomáticas acreditados em Moçambique.

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