O Presidente da República reconheceu, na última sexta-feira, que há falhas na implementação da Tabela Salaria Única e assegurou que o Governo está a trabalhar para as corrigir. Uma das quais é de alguns funcionários que tiveram salários acima do que deviam e, nesses casos, Nyusi diz que haverá recuo.
Filipe Nyusi dirigiu, na última sexta-feira, o encerramento da graduação no Instituto Superior de Estudos de Defesa (ISEDEF). Foi a partir de lá onde o Presidente da República fez pronunciamentos sobre três assuntos: Tabela Salarial Única, terrorismo e o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos antigos guerrilheiros da Renamo.
SOBRE TSU
Num contexto em que há uma revolta de várias classes profissionais que reclamam de não estarem satisfeitas com os enquadramentos feitos no âmbito da Tabela Salarial Única, Filipe Nyusi quis começar recordando que “é uma iniciativa que a gente trouxe por ter visto que o país estava num desequilíbrio na inclusão social; ninguém nos disse para fazer, tampouco alguém fez greve para que fizéssemos o trabalho”.
Na verdade, o trabalho foi feito, mas com falhas. O próprio Chefe do Governo reconheceu isso. Um dado importante é que, segundo Nyusi, as falhas prejudicaram uns e beneficiaram outros.
“Há pessoas que estão a receber muito mais do que deviam e vamos recuar para esses casos, por causa da justiça”, explicou Filipe Nyusi.
E ainda por falar em justiça, o Chefe de Estado disse que há profissionais que reclamam injustamente. Por exemplo, “um professor que recebia 15 mil e agora, na Tabela, tem 40 – bom, não é muito, gostaríamos que fosse mais”. Aliás, recorda Filipe Nyusi, “não é difícil dizer que, bom, cometemos um erros e vamos recuar”, ou seja, o que o Presidente da República está a dizer é que, se essas pessoas fazem tantas reclamações, se pode invalidar a TSU e, de 40 mil na nova Tabela, esses funcionários voltam aos 15 mil Meticais anteriores.
Ademais, o Chefe do Executivo pediu que os cidadãos sejam colaborativos e referenciem o que está errado. “Diga lá que antes eu tinha 15 mil e agora voltei para 10 mil Meticais. Não há nenhuma instrução de alguém ter seu salário reduzido, no máximo, o que pode acontecer é manter – o que digo claramente que ninguém manterá na totalidade”, isto Filipe Nyusi garante que todos terão aumento, em diferentes proporções.
E a questão das proporções dos aumentos é outra que o Presidente da República pediu que se respeitasse. “Quero pedir àquelas pessoas que gostam de ter 100 mil Meticais de salário, enquanto outros recebem 10 mil; quando aumentar o seu ordenado para 110 e o outro de 10 para 60 mil Meticais, não se enforque”. Aqui Filipe Nyusi decidiu elaborar ainda mais, explicando que é preciso que compreenda que cada um tem as suas qualificações e é com base nelas que se pagam os salários.
Filipe Nyusi recomendou, sobretudo aos professores, que façam o seu trabalho e colaborem com o Governo na resolução dos problemas. “Não façam esforço de complicar; ouvi alguém a dizer que não vai corrigir os exames… Você não vai corrigir os exames porque o Governo fez uma tabela em que saiu de 15 para 40 mil Meticais e queria estar nos 60 mil e, por isso, não vai corrigir exames? É preciso que sejamos solidários, sérios e, não só, onde é que se fechou a porta para resolver o seu problema?”.
Quem devia melhor entender isso tudo são as pessoas que trabalham com os salários da Função Pública – os funcionários do Ministério da Economia e Finanças. Só que não. Ainda recentemente, eles próprios amotinaram-se diante do seu edifício para reclamar.
“Vocês, ao invés de estarem a chorar, façam a tabela de forma devida, até porque os funcionários estão à espera disso”. O exemplo que o Presidente da República queria que todos os funcionários seguissem é o dos membros das Forças de Defesa e Segurança.
TERRORISMO E DDR
Na qualidade de Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, Filipe Nyusi, disse, ainda na sexta-feira, que o exército nacional e as forças estrangeiras e local estão a repelir e sufocar os terroristas no Norte. “Há quem diga que houve ataque em Namuno. Sabemos disso. Mas qual é o país em que não há ataques? O que estamos a dizer é que estamos prontos para ir aonde o terrorista for.”
Isso e outras razões fazem o Presidente da República afirmar que a situação político-militar está estável no país. Para justificar suas palavras, Filipe Nyusi recordou que as instituições de Estado funcionam em todo o país, mesmo em Cabo Delgado.
E mais do que fazer perguntas, Filipe Nyusi deu respostas sobre o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos antigos guerrilheiros da Renamo. Garantiu que “o Governo continua empenhado em prosseguir com o DDR”.
E para Filipe Nyusi, o mais importante é que se tenha chegado à conclusão de que é necessário fazer o DDR. “Agora, como fazemos, isso vamos ver. Estamos numa fase de pedir apoio e a comunidade internacional está a responder positivamente”, recordando que, “eu é que fui a Gorongosa ter com Dhlakama para começarmos com este processo”.