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Novo preço do gás sufoca famílias que já optam pelo carvão

Já estão em vigor, desde esta terça-feira, os novos preços de combustível, em todo o território nacional. Sufocados, os automobilistas ponderam parquear as viaturas. Já os que usam gás de cozinha tendem a substituir esse combustível com o carvão .

Vivem-se dias difíceis no país. O agravamento generalizado dos principais de produtos de primeira necessidade estão a sufocar as famílias. Não são apenas os bens alimentares que estão mais caros, os combustíveis entraram na equação. É que, com a nova tabela de preços, o gás de cozinha, por exemplo, sai dos anteriores 880 Meticais para 940 Meticais, isto é, está 60 Meticais mais caro.

Para quem dependia do gás para cozinhar, o novo preço veio sufocar ainda mais as suas contas, pois estes são obrigados a refazê-las. A nossa equipa visitou algumas famílias, no Bairro Maxaquene C, que usam o gás como combustível para cozinhar. Laura Fenias é disso exemplo, à nossa reportagem contou que usou, por muito tempo, o carvão para confeccionar os alimentos e preparar as refeições para os seus cinco filhos. Na casa de Laura, o fogão a gás sempre foi usado com alguma reserva, apenas para preparar comidas leves.

Ao “O País” disse que não tem sido fácil gerir as contas, isto porque o custo de vida em Maputo está cada dia mais caro, principalmente para quem vive de pequenos negócios.

“Não está fácil! Fazemos muito esforço para garantir pelo menos uma única refeição diária (…) eu, inclusive, arrumei o fogão a gás. Agora dependo de carvão, mas, por ser caro, também uso a casca dura do coco ‘endocarpo’, porque, se for para depender apenas do carvão, nada conseguiria cozinhar”, desabafou a idosa Laura Fenias.

A nossa entrevistada contou ainda que vende utensílios domésticos para garantir sustentar a família.

“Mesmo dentro das nossas dificuldades, nunca dormimos sem passar uma refeição. Fazemos de tudo para garantir alimento na mesa, mas não tem sido fácil. Está tudo muito caro. Mas, não há outra solução. Temos que arranjar alternativas para sobreviver, afinal, somos sobreviventes”, disse.

Penina Domingos, outra chefe de família que aceitou receber a nossa equipa, contou que está há semanas a tentar amealhar dinheiro para comprar gás, mas a missão tem-se mostrado complicada. Por não ter soluções à vista, explicou que vem optando pelo carvão.

E porque os recursos tendem a escassear e não há previsão de dias melhores, Penina teve que emprestar a sua botija a uma vizinha.

Este é o reflexo dos dias difíceis para famílias da Cidade de Maputo. Face a esse cenário de aumento de preços, algumas famílias defendem austeridade como forma de sobreviver nesses dias.

“A solução agora é poupar, porque as coisas estão muito apertadas. Para poder durar mais, utilizo carvão para alimentos como feijão e para aquecer água para o banho. Se não fizesse assim, seria impossível aguentar com a botija de gás para todo o mês”, referiu Suzana Manjate.

AUTOMOBILISTAS PROJECTAM DIAS DIFÍCEIS

Quem também lamenta o agravamento dos preços dos combustíveis são os automobilistas. Palavras como “sofrimento” e “difícil” foram as mais sonantes quando perguntamos sobre o assunto. “Já cansei de reclamar. Reclamamos há bastante tempo, mas nada muda, aliás, as coisas só pioram”, disse um automobilista que não quis identificar-se.

Noutro ponto, encontramos um outro automobilista que explicou que, com 1000 Meticais, conseguia ter 13 litros de gasolina, mas com o preço actual deste combustível, o valor corresponde a 12 litros, o que, no seu entender, irá baralhar as suas contas.

“É o país real, é o mundo real que temos, o que fazer? Só podemos sujeitar-nos. Não há nada que possamos fazer”, desabafou Milton.

Trata-se de um pensamento defendido também por Ismael Abdul, que antevê um futuro sombrio em todos os sentidos.

“A vida dos moçambicanos está cada vez mais complicada. Subiu o preço do gás, da gasolina, do pão, tudo será agravado, mas o salário não chega a subir”, lamentou para depois avançar que terá que se acostumar à nova realidade. “Vou continuar a abastecer com o mesmo valor, mas o combustível será pouco. Agora terei que abastecer duas a três vezes por semana e o meu bolso não vai aguentar”, terminou.

Lembre-se que, de 17 de Março a 23 de Maio, o preço da gasolina aumentou em cerca de 14,26 Meticais, ou seja, de 69,04 para 83,30 Meticais. Já o gasóleo subiu 17,26 Meticais, passando de 61,71 para 78,97 Meticais por litro.

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