As autoridades em Cabo Delgado enfrentam dificuldades de combater a rede internacional de imigração ilegal, que supostamente actua em conluio com alguns agentes do Estado e funcionários de companhias aéreas que operam nos pais.
A situação está a preocupar os Serviços de Migração em Cabo Delgado. Esta província é considerada uma das principais portas de entrada ilegal de cidadãos estrangeiros. Apesar das investigações realizadas desde a descoberta do alegado esquema, até ao momento ainda não foi possível saber quem facilita a imigração ilegal.
“Estamos diante de uma rede internacional com influência no processo migratório” e o problema é “do conhecimento do Estado”. Esta sabe que há emissão de “vistos falsos ou emissão paralela de vistos”, explicou Ivo Sampanha, porta-voz dos Serviços de Migração de Cabo Delgado.
O último caso detectado na província, segundo a fonte, “cidadãos somalis apresentavam vistos emitidos no eSwatini”, enquanto eles “vinham da Somália” É “quase impossível um cidadão sair da Somália, passar da Suazilândia e se fazer ao país”, de acordo com Ivo Sampanha.
Neste tipo de esquema, os Serviços de Migração em Cabo Delgado suspeitam o envolvimento de alguns agentes da instituição e, também, de funcionários das companhias aéreas que operam em Moçambique.
“Existe a possibilidade de haver um sistema, não só das autoridades das companhias aéreas, mas também a nível do próprio SENAMI. Isto significa que assumimos que o fenómeno humano da corrupção paira dentro da instituição. Por isso, uma das actividades fulcrais é o seu combate, daí que houve a necessidade de envolver outras entidades, como é o caso das companhias aéreas”, esclareceu o porta-voz dos Serviços de Migração de Cabo Delgado.
Cabo Delgado possui 10 postos de entrada ao país, sendo nove ao longo do rio Rovuma, que faz fronteira com a República Unida da Tanzânia, e um que é o aeroporto de Pemba, onde chegam e partem voos de três companhias aéreas que fazem ligações com o estrangeiro.
Os Serviços de Migração em Cabo Delgado não revelaram o número de vistos falsos detectados, mas segundo apurou “O País”, nos últimos três anos, mais de cinco mil imigrantes ilegais que viviam na província foram repatriados e cerca de dois mil cidadãos estrangeiros foram interditos de entrar no país e devolvidos à procedência por falta de requisitos para a sua permanência no território nacional.