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Nitrato de amónio vinha a Moçambique, mas ficou retido em Beirute desde 2013

A Fábrica de Explosivos de Moçambique confirma que encomendou, da Rússia, duas mil e setecentas toneladas de nitrato de amónio, mas não chegou ao país porque a mercadoria ficou retida no porto de Beirute, no Líbano há sete anos. E esta terça-feira o executivo moçambicano não confirmou que o destino final desta mercadoria era Moçambique, mas assegura que o país tem importado o nitrato, mas apenas uma pequena percentagem fica no país e a outra parte vai para os países vizinhos.

 

Mais de 150 mortes por lamentar, uma cidade por reerguer e muita coisa por esclarecer sobre que duas grandes explosões que aconteceram no porto de Beirute, reduzindo a capital libanesa aos escombros. Só para se ter uma ideia

As 2.750 toneladas de nitrato de amónio que estavam nos armazéns do porto de Beirute desde 2013 tinha como cliente a Fábrica de Explosivos de Moçambique e seria descarregada no porto da Beira, província de Sofala.

“A Fábrica de Explosivos de Moçambique (FEM) confirma que fez a encomenda de nitrato de amónio à Savaro, porém este material nunca lhe foi entregue”, afirmou a fábrica num e-mail enviado à redacção de “O País”, sublinhando que não tem qualquer relação com armadores ou transitários, dado que a sua relação com os fornecedores se cinge às encomendas que faz. “Aliás é esse o caso com todos os importadores, seja de frigoríficos, automóveis, tractores ou ar condicionados. A FEM não tem qualquer actividade como transitário ou armador. A FEM é uma mera utilizadora”, reiterou.

A empresa sublinha que nunca recebeu o nitrato de amónio porque o navio ficou retido no porto de Beirute em 2013, ano em que receberia a mercadoria e despacharia para os seus clientes. “O navio foi desviado para Beirute para carregar mais coisas que não eram nossas por decisão do armador. A FEM sublinha que nunca paga qualquer carga antes de esta lhe ser entregue”, indicou a empresa.

Sobre se a fábrica tem, neste momento, algumas quantidades de nitrato de amónio em seus armazéns da Beira e Tete, a firma especificou, mas garantiu que o seu armazenamento é de acordo com os padrões internacionais.

“Nos nossos armazéns, temos aquelas que são necessárias para dar resposta às necessidades do negócio. São variáveis, dependendo das encomendas dos clientes. Conservamos o produto em armazéns especialmente preparados para o efeito. De notar que as instalações da FEM são de terceira geração e as únicas com rastreamento de materiais”, explicou a fábrica de explosivos.

Mais adiante a FEM escreve que segue regras internacionais Incoterms (International Commercial Terms) e CIF (Custo, Seguro e Frete) para importação deste produto e esclarece ainda “esta foi uma encomenda normal, de uma matéria que utiliza na sua actividade comercial, cumprindo sempre de forma escrupulosa todos os requisitos legais e melhores práticas internacionais”.

O nitrato que, segundo a empresa, é usado para barragens, pontes, estradas, pedreiras e minas têm sido importado com frequência para o país, já há 65 anos. A Fábrica de Explosivos de Moçambique assegura que nunca houve registo de qualquer problema.

Ainda esta terça-feira, o Governo não confirmou se o destino do nitrato de amónio que causou explosão no porto de Beirute era Moçambique, mas afirma que o país tem importado este produto e nos últimos cinco anos foram manuseados quatro milhões de toneladas, sendo que desta quantidade apenas 8% fica em Moçambique.

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