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Niassa é palco do X Festival Nacional de Cultura

A cidade de Lichinga, capital do Niassa, recebe, desde esta quinta-feira, artistas provenientes de todas as províncias do país para participar no X Festival Nacional de Cultura. A cerimónia de abertura foi dirigida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi e contou com a participação de vários membros do Governo, a população da cidade de Lichinga e representantes de Angola, Guiné-Bissau, Portugal e Suécia.

Na cerimónia de abertura, cada uma das delegações desfilou devidamente trajada com vestes feitos à base da capulana, com excepção da província anfitriã que apostou em vestes tradicionais feitos à base de saco de sisal. Para abrilhantar cada vez mais, cada província escolheu uma dança para ser a bandeira da sua apresentação que era executada no momento em que os mesmos cumprimentavam a tribuna principal. A delegação da província de Maputo foi a única que se apresentou apenas com um número muito reduzido de pessoas porque por uma questão logística; apenas conseguiu chegar à Lichinga no fim do dia de hoje, por isso, não pôde estar na cerimónia de abertura.

Um dos momentos mais altos da abertura foi a apresentação de um bailado escrito e encenado pela dançarina Pérola Jaime e envolveu quase mil e quinhentas pessoas, entre crianças e adultos. A coreografia baseou-se na história dos Matacas e da Rainha Habibi Achivangila e da sua luta contra a dominação colonial. O nganda, dança tradicional típica de Niassa, acompanhou grande parte da encenação que teve a duração de quase 45 minutos.

O governador de Niassa e o Presidente do Conselho Municipal de Lichinga deram boas vindas aos participantes do festival tendo ao mesmo tempo solicitado que não fiquem apenas em Lichinga mas que arranjem tempo para ir ver o Lago Niassa, a Reserva do Niassa considerada a maior da África Subsahariana, o monumento de Matchedje, mas que também comam o tchambo do lago e os feijões produzidos naquela terra.

O governador Arlindo Chilundo ressaltou que apesar das dificuldades que o país atravessa “o governo provincial e os parceiros foram se mobilizando desde Fevereiro deste ano, para tornarmos este evento não só um êxito, mas sobretudo um momento do reencontro dos moçambicanos e da partilha de experiências e talentos entre os fazedores das artes e da cultura”, disse.

Já o Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, disse que no evento mais uma vez os moçambicanos vão expor ao mundo o Nyau e a Timbila que foram declarados pela UNESCO como sendo Patrimónios Imateriais e Oral da Humanidade para além de várias outras riquezas que o país dispõe em termos culturais. “Esta fase é o culminar de uma grande caminhada, iniciada em Fevereiro deste ano quando fizemos o lançamento oficial do X Festival Nacional da Cultura e declaramos Lichinga capital nacional da Cultura”.

Antes de discursar, o Presidente da República foi ao pódio com os régulos que são descendentes da rainha Habibi Achivangila e pediu que dissessem algumas palavras aos presentes. Os mesmos apenas mostraram sua satisfação pelo reconhecimento e homenagem que o Festival Nacional da Cultura decidiu fazer à Rainha dos Matacas. Já no discurso, Filipe Nyusi recordou os vários momentos da nossa história que marcaram a resistência à ocupação colonial e usou a rainha Habibi para demonstrar que o lema do festival “A cultura promovendo a mulher, a identidade e o desenvolvimento sustentável” é algo que na cultura dos povos moçambicanos já é praticado há muito tempo, por isso as mulheres sempre assumiram um papel importante nas comunidades. Mas mesmo, assim o governo tem hoje a missão de promover cada vez mais as mulheres através do combate de certas práticas que relegam e marginalizam o potencial que as mulheres têm para o desenvolvimento do país.

Por outro lado, Filipe Nyusi encorajou os artistas nacionais a nunca baixarem os braços. “Apreciamos as vossas iniciativas de uso dos recursos artísticos e criativos para o fortalecimento da unidade na diversidade, um dos requisitos para a construção de um Moçambique cada vez mais próspero, em paz e que valoriza a equidade do género rumo ao desenvolvimento sustentável”, disse o Chefe de Estado para a seguir acrescentar que “esta é uma oportunidade de troca de saberes e de inspiração partilhada visando o desenvolvimento de novas competências e promoção de novos talentos assim como uma plataforma de aprendizagem e pesquisa científica da reinterpretação da história sobre as artes, cultura e do desenvolvimento económico e social no nosso país”, concluiu.

 

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