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Nelson Lineu dá O passo certo no caminho errado

O escritor Nelson Lineu lança, às 17 horas desta terça-feira, o seu terceiro livro. O passo certo no caminho errado reúne crónicas publicadas na revista Literatas, em 2012.

O encontro virtual está marcado para esta terça-feira. Quando forem 17 horas, na página Facebook da revista Literatas pode-se visualizar uma sessão de lançamento do mais recente livro do escritor Nelson Lineu. Intitulado O passo certo no caminho errado, o livro é um conjunto de crónicas sobre questões sociais, mas sem que se torne algo de intervenção social, na óptica do autor.

Na verdade, as crónicas deste terceiro livro de Nelson Lineu foram publicadas pela primeira vez na revista Literatas lá vão nove anos, para o autor, num momento muito importante para construção dos seus pensamentos sobre o país e sobre o mundo, com lentes da arte e da ciência. E esclarece: “Da arte porque era o período em que o Kuphaluxa estava no seu auge; eu, Japone Arijuane, Mauro Brito, Eduardo Quive e Amosse Mucavele, ficávamos horas conversando, mostrando a nossa insatisfação com o rumo que o país estava a tomar e o modo como poderíamos participar para um cenário diferente. Da ciência porque cursava a licenciatura em Filosofia, participava das aulas e lia buscando a perspicácia dos filósofos em expor os seus argumentos e contra-argumentos, acima de tudo os elementos com que se guiavam para dissecar o social, o científico e o político e abrir outras possibilidades que não as estabelecidas”.

As crónicas de Nelson Lineu foram escritas, igualmente, depois de o autor perceber que os debates sobre o país não se fazem apenas no parlamento, nas academias ou nas televisões. Segundo o escritor, as pessoas comuns também fazem parte do debate inerente aos mais importantes temas nacionais. E esses debates são continuados nos chapas, nos mercados ou em outros locais, afinal com uma linguagem particular. “Assim sendo, as crónicas desse livro assentaram-se nesta linguagem, claro com um cunho literário”.

Nelson Lineu publicou os seus textos na revista Literatas convicto de que um dia iria os compilar em livro. “E o faço agora porque o estilo dos textos é o alicerce do meu fazer literário, e porque encontro neles os fundamentos dos meus pensamentos sobre o país”. E continua: “Embora, como nação, tenhamos nascido sobre o viés de uma unidade nacional, houve espinhos que têm sido o chão onde crescem a intolerância e a desqualificação do outro que nos tem caracterizado. Um certo grupo de moçambicanos pegou em armas e lutou pela independência do país, após ser alcançada, viu-se no direito de ser a única voz para delinear os caminhos que o devíamos seguir, sem consultar as outras vozes, quem pensasse o contrário era visto como inimigo. Isto fez com que existissem dois grupos no país, uns que se vêem legítimos das benesses que o país oferece e outros a reclamarem por essa legitimidade. A face mais visível dessa situação acontece na Assembleia da República, basta a opinião ser de um outro partido para não ser levada em conta, o caso mais gritante é o facto de as propostas de lei dos partidos da oposição não terem campo para discussão”.

Assim sendo, “escrever, para mim, é esse diálogo em que o outro, por mais que esteja errado, tem direito a dar a sua opinião livre de qualquer pressão alheia a ela, ou seja, o passo certo no caminho errado”.

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