Passam agora 104 anos depois que a Nossa Senhora de Fátima apareceu em Portugal apelando a paz. Para este ano, apenas 100 católicos puderam estar nas celebrações devido às restrições impostas pela COVID-19. Na verdade, foi tudo diferente!
E para ver a diferença não precisa ir longe, aliás, não ir é exactamente o diferencial. A maior parte dos crentes não foram a Namaacha, este ano, sendo que apenas 100 dos habituais 8 mil crentes puderam lá estar. Desta vez, a estrada que leva ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Namaacha, não teve nenhum peregrino em tanto que tal.
Todos que lá estiveram, foram à bordo de viaturas e, chegado à vila, a habitual agitação de crentes que caracteriza os aniversários da aparição de Nossa Senhora de Fátima não se registava em Namaacha.
Tudo porque as medidas da prevenção da COVID-19 não permitem mais de 100 pessoas no mesmo espaço. Assim sendo, foram chamados alguns para presenciar e o resto da comunidade católica acompanhou pela STV.
Embora relativamente curtos, a cerimónia de Sábado seguiu todos os momentos, desde a Via Lucis, onde se revelam os mistérios da ressurreição de Jesus Cristo, passando pela homilia e culminando com a procissão de velas. Este momento foi muito diferente do habitual.
Normalmente, a estátua da Nossa Senhora de Fátima é carregada para a passeata à meia-noite, mas desta vez foi um pouco antes das 20 horas. Depois deste momento, os crentes depositam velas e com elas, os seus pedidos mais profundos e pessoais.
Lucena Alface, por exemplo, uma jovem de 27 anos de idade e é residente de Namaacha. Ela não pôde participar de toda a celebração devido à limitação de participantes, mas no momento da deposição de velas, decidiu que queria fazer um pedido especial à Mãe de Jesus Cristo. “Queria pedir que ela me ajudasse a ganhar um emprego, já que neste momento estou desempregada”.
Já Lúcia, mãe de três filhos e viúva, sente que a Nossa Senhora de Fátima tem melhor entendimento ao seu pedido, por também ser mãe… E mãe de um menino que tanto precisou de protecção quando mais novo. “Eu quero o mesmo que ela queria para o seu filho, Jesus Cristo”.
Como Lúcia e Lucena, vários outros crentes, os que puderam participar da celebração toda, e os residentes de Namaacha foram depositar às suas velas, onde se espera que fiquem acesas até o dia seguinte.
Estas velas representam os pedidos pessoais dos crentes e os colectivos da igreja, que, este ano, ora por Moçambique diante de adversidades que fustigam o país, tal como testemunhou Dom António Julius, responsável da celebração deste ano. “Nós oramos por aqueles irmãos que directa ou indirectamente foram afectados pela pandemia, também nos juntamos aos irmãos de Cabo Delgado, que, também, fazem a sua peregrinação para o Santuário de Nossa Senhora de Fátima de Montepuez”.