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Nakhodha (Nahota) e a Sereia: Uma exposição para celebrar a cultura marítima swahili

Por: Elton Pila

O edifício é o de uma antiga alfândega. A primeira em Moçambique, que entre outras coisas serviu também como ponto de venda de escravos. Mais do que memória física, prova ululante da aspiração portuguesa de presença permanente. Agora, o espaço é ressignificado por uma instalação em forma de experiência imersiva, “Nakhodha e a Sereia”, que também pode ser entendida como um monumento para celebrar a cultura marítima swahili e tudo o que ela pode ensinar a um mundo ameaçado pelas mudanças climáticas.

A idealizadora, Yara Costa, cineasta e directora criativa, mistura história, documentário, áudio e encenação para uma viagem com som imersivo e projecções de vídeomaping 360 graus. Uma realidade estendida, virtual e mista para colocar-nos num pêndulo entre o passado e o futuro. “A realidade virtual, aqui, representa a possibilidade de nos transportar para o passado. E ver, através do mar, a possibilidade de futuro”, diz-nos Yara Costa.

É a partir do litoral, da Ilha de Moçambique, que ainda se recupera das mazelas deixadas pelo ciclone Gombe, que se repensa a relação homem-mar, comunidade-mar, numa exposição erguida a milhões de braços conhecedores da realidade local.

No centro da exposição, há um dhow de 8 metros, que poderia muito bem estar a velejar numa longa viagem pelo mar. O dhow, a memória física do século XIII e que segue até os dias de hoje, é apenas um exemplo que há engenhos saídos das mãos de homens e mulheres swahilis cujo mar é a extensão das suas vidas.

O cicerone – na instalação – é um Nahota real, este ser mítico, quase irmanado ao dhow, intérprete dos fenómenos meteorológicos, como a temperatura, a velocidade e a direcção do vento, condições de navegação, estado do mar, entre outras, um longo caminho que precisa ser feito para se chegar a este estatuto.

Conta com o apoio do Sound Connects Fund, uma iniciativa da Music In Africa Foundation (MIAF) e do Goethe-Institut. O Sound Connects Fund é possível graças à contribuição financeira da União Europeia e o apoio da Organização dos Estados ACP. “Nakhodha e a Sereia” conta também com o apoio do Fundo dos Embaixador dos E.U.A. para Preservação Cultural e abre no final de Junho e segue até Outubro na Ilha de Moçambique, sempre a conservar a intenção de viajar também por outras paragens-portos. Talvez um deles seja o de Maputo.

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