Cidadãos repudiam a falsificação de cartões de vacinação, denunciada na última sexta-feira pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante a sua Comunicação à Nação.
A denúncia ocorre numa altura em que o país se ressente da eclosão da terceira vaga da COVID-19, que tende a ser mais severa que as duas anteriores, tanto no número de novas infecções, como em termos de óbitos e internamentos.
Por conta desta situação, os munícipes entrevistados pelo “O País” dizem que a atitude de falsificação de cartões de vacinação só vai retardar os esforços do Governo de vacinar a população e evitar a propagação da doença.
“Ouvi a informação com muita preocupação, porque teremos muitas pessoas não vacinadas, mas com cartões. Assim, não saberemos quem está ou não vacinado. Vão espalhar a doença em todo o canto e voltaremos à estaca zero”, lamentou Lino Rodrigues, munícipe de Maputo.
A fonte acrescentou e considerou esta como sendo uma atitude de pessoas que ainda não têm noção da gravidade do problema, que o país e o mundo atravessam e comparou a compra de cartões com a aquisição de um diploma sem ter frequentado a escola.
“Quando chegar a hora de trabalho, não terá nada a apresentar, porque não sabe fazer nada, ou vai fazer, mas muito mal”, concluiu Rodrigues.
Jaime António, outro munícipe que também é contra a atitude, acrescenta que “quem não quiser vacinar, que não o faça, mas seja digno e mostre a todos que não tem coragem de vacinar, do que fingir que vacinou e outros pensarem que estão seguras perto dele”.
Segundo Jaime, ninguém deve ser obrigado a vacinar, mas é importante que cada um compreenda a real necessidade de imunização, pois são várias vidas que se vão, por conta da doença e “numa altura em que a ideia é evitar esses casos, há pessoas que estão a fazer tudo ao contrário”.
Por seu turno, Raimundo Leonardo acredita que os falsificadores agem assim, por terem em mente que, daqui há um tempo, será obrigatório portar cartão de vacinação, para qualquer que seja a actividade.
“Caso isso aconteça, será depois de o Governo alcançar a meta de vacinação e não antes, por isso apelo para paciência”, reflectiu.
E mesmo com a vacinação, Raimundo Leonardo sabe que não será o fim da pandemia.
“Mesmo depois de estarmos todos vacinados, devemos continuar a prevenir-nos, porque sabemos que a vacina não impede de termos a doença, mas sim de termos as formas mais graves. Por isso, precisamos, ainda assim, de redobrar as medidas de prevenção”, concluiu o seu apelo.