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“MOZGROW é amplo e abrangente, não é agricultura nem alimentação”

Na abertura da segunda edição da MOZGROW, o Presidente do Conselho de administração (PCA) da Fundação SOICO (FUNDASO), Daniel David, disse que este projecto não se reduz apenas à agricultura e alimentação. É um programa abrangente, que vai da indústria ao consumidor final e induz desenvolvimento.

“MOZGROW é um programa amplo. Não é agricultura, não é alimentação. É mais abrangente que isso. Vai até a indústria, aos transportes, ao consumidor final e tudo aquilo que são infra-estruturas indutoras ao desenvolvimento”, afirmou Daniel David, partilhando painel com a representante e directora-geral do Programa Mundial de Alimentação (PMA) em Moçambique, Antonella D’Aprille.

O PCA da FUNDASO destacou o papel da comunicação na cadeia de valor da produção no país e considerou-a vital por ser através dela que se transmite o conhecimento entre os diferentes intervenientes dessa mesma cadeia.  Daniel David referia-se, especificamente, a uma série de reportagens sobre o MOZGROW que foram veiculadas na STV durante meses antes da concretização da presente edição desta plataforma que decorre até sexta-feira.

Num outro desenvolvimento, Daniel David disse que a actuação da instituição que dirige acompanha os momentos que o país vive, daí que, apesar da pandemia do novo Coronavírus, a MOZGROW não podia falhar este ano. “Nós temos que estar sempre à altura das mudanças que a sociedade nos coloca”.

Por sua vez, a directora-geral do PMA em Moçambique, Antonella D’Aprille, reconheceu que o número de pessoas que dormem sem comer cresce sempre.

A dirigente alertou que a situação pode agravar-se por causa da pandemia da COVID-19 e das mudanças climáticas, “mas o mundo pode produzir alimentos para todas as crianças, mulheres e homens”.

Segundo Antonella D’Aprille, o problema da fome no mundo não tem a ver com a produção, mas sim com o acesso aos alimentos. “Infelizmente, perdemos, em Moçambique, 30% da colheita devido a técnicas ultrapassadas” e falta de meios apropriados para conservar os alimentos.

Se houver um trabalho em conjunto para reduzir a perda de alimentos após a colheita, assegurar a protecção social e fortalecer o sistema de cadeia de valores de alimentos, o problema da fome pode ser minimizado, de acordo com a directora-geral do PMA em Moçambique.

A presidente da instituição de solidariedade em Portugal, ENTRAJUDA, Isabel Jonet, iniciou a sua intervenção, no painel de abertura da MOZGROW, enaltecendo o facto de o PMA ter sido distinguido com o Prémio Nobel da Paz, semana finda. A distinção “é uma chamada de atenção para a importância que a alimentação tem, mais do que levar a comida à mesa de quem dela carece”.

Os bancos alimentares contra a fome, que em breve alargar-se-ão para Moçambique, no âmbito da parceria com a FUNDASO, lutam contra o “desperdício de alimentos” em diferentes fases da cadeia de produção. “Seja na agricultura, seja na distribuição, seja na indústria para os levar através de acordos” celebrados “com parceiros que no terreno conhecem situações de maior carência à mesa de quem precisa”.

“Os bancos alimentares trabalham sempre em parceria com as organizações sociais que conhecem cada caso e sabem como intervir sem criar desequilíbrios em todo o ecossistema à volta, mas que entregam os alimentos doados por empresas, importadores, exportadores” e outras entidades, segundo explicou Isabel Jonet.

Sobre esta matéria, o PCA da FUNDASO interveio esclarecendo o que levou à parceria com a ENTRAJUDA: “há um conhecimento e um saber fazer” e a instituição de solidariedade em Portugal tem e que pode ser útil para a realidade moçambicana.

“Ganhamos uma vantagem enorme em trabalhar com o Banco Alimentar de Portugal” e vai ajudar da estruturação do projecto que se pretende estabelecer em Moçambique, bem como na “metodologia de comunicação e dinamização da gestão das parcerias” envolvidas, destacou Daniel David, para quem neste projecto a FUNDASO “não vai trabalhar sozinha” e privilegia parcerias.

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