O académico Lourenço do Rosário considera que a perda de Afonso Dhlakama coloca as negociações da paz efectiva no país em incógnita, visto que era um assunto tratado directamente por si e pelo Presidente da República.
“Cria aqui uma grande incógnita, na medida em que ele perde a vida quando os dois estavam a conduzir este processo de paz que nos dava um alento de que as coisas estavam a correr bem. O Presidente Nyusi fica sem o arrimo para poder continuar este processo de paz como eles tinham engendrando”.
Do Rosário descreve Dhlakama como um líder político-militar, que congregava fidelidade, lealdade e, ao mesmo tempo, obediência, quer dos políticos quer dos militares e defende que esta característica pode ser fundamental para a eleição de novas lideranças. “Os passos dentro da Renamo têm que congregar esses consensos”.
Por outro lado, indica quais podem ser os papéis dos militares neste processo: Dhlakama era, ao mesmo tempo, um líder político e militar, então os militares vão ter uma palavra a dizer na resolução do próximo líder da Renamo. Os militares poderão apoiar um novo líder político que tenha consenso ou então podem eles próprios assumir o poder e serem eles a negociar todo o processo que estava na agenda da paz.
O acadêmico, que conviveu com o líder da Renamo, descreve-o como um indivíduo muito lúcido mas também muito inconstante. “Sabia o que queria, era difícil de movê-lo das suas próprias ideias, mas tinha objectivos, que era ser o Presidente deste país”.