O humorista Chaguatika Nzero perdeu a vida, esta manhã, no Hospital Central de Maputo, vítima de doença.
Hoje calou-se uma importante voz do humor moçambicano. Baptizado Nelson Coutinho de Sousa, o humorista perdeu a vida no Hospital Central de Maputo, vítima de doença que o afligiu durante mais ou menos cinco anos. Na verdade, Chaguatika Nzero deixou de se dedicar ao humor justamente por causa da enfermidade que nesta terça-feira custou-lhe a vida.
Os que trabalharam com Chaguatika Nzero lembram-se do humorista como uma pessoa distinta e irreverente. É o caso de Luísa Menezes, amiga que com ele fez humor na cidade de Chimoio já nos finais dos anos 80, depois de se terem conhecido em Tete. “Ele nunca estava satisfeito com nada. Queria sempre fazer mais e melhor, com aquela irreverência que, às vezes, magoava algumas pessoas que não recebiam bem as piadas dele. Penso que foi essa característica irreverente que lhe manteve no humor por tantos anos”.
Depois de juntos colaborarem no Chimoio, Chaguatika Nzero e Luísa Menezes trabalharam em dois projectos de humor com o mesmo título, intitulado A viagem do riso, gravados em cassete na altura. Foi mais ou menos nessa altura que o humorista se conhece com Izidine Faquirá. Ao locutor, a morte de Chaguatika faz lembrar os momentos mais altos que o humor moçambicano viveu através da Rádio Moçambique. “Eu conheci-o depois do A viagem do riso. Convidamo-lo para trabalhar connosco no programa Em cima da hora, todas as manhãs, e a sua versatilidade era fantástica”.
Nos seus projectos de humor, Chaguatika Nzero abordava diversos temas que mexiam com as pessoas, tendo-se (também) popularizado com o programa O riso não paga imposto. Para Búfalo, que com ele trabalhou nesse projecto, Chaguatika Nzero “é um dos grandes mestres do humor e da cultura de Moçambique. “Ele esteve em frente de grandes batalhas pela cultura e deixa um buraco difícil de cobrir”.
Além do humor, outra paixão de Chaguatika Nzero era a música. Inclusive, gravou o disco musical Haja amor (1994), com Célio Figueiredo, que sublinha: “tivemos uma amizade da qual eu estou muito grato. Aprendi muito dele e deu-me muita força nos momentos que eu achava que iria falhar. Pode-se fazer muito para que a obra dele não fique esquecida. Cabe-nos a nós continuar a divulgar as obras dele”.
Nelson Coutinho de Sousa, filho de Alberto e Ana de Sousa, nasceu no 21 de Janeiro de 1961, em Ribaué, Nampula, e perde a vida aos 59 anos de idade. O seu funeral irá realizar-se sexta-feira, às 10 horas, no Cemitério de Lhanguene, cidade de Maputo.