A música moçambicana está de luto. Morreu, na noite desta quarta-feira, Salimo Muhamad. O autor de “Mamana Maria” e “Sambrowera fandango” estava internado no Hospital Central de Maputo há mais de uma semana.
Domingos Simeão Mazuze Júnior é o seu nome de registo, tendo passado a ser chamado Salimo Muhamad quando se converteu ao Islão. Nasceu a 13 de Agosto de 1948, em Xai- Xai, Gaza, e completaria, dentro de dias, 76 anos de idade.
Desde novo que revelou interesse pela música, mas foi nos anos 1970, cumprindo o serviço militar na Força Aérea, em Portugal, que fez as suas primeiras gravações. E depois seguiram vários discos.
De regresso ao país, em 1974, Salimo Muhamad passou a actuar, inicialmente, com o seu irmão Alexandre Mazuze, uma colaboração que durou até 1977, quando foi detido e conduzido ao campo de reeducação, em Bilibiza, Niassa. Ali eram mantidos os que as autoridades da época consideravam subversivos.
Novamente em Maputo, finda a punição em Niassa, na década de 1980, forma, com Pedro Langa e outros artistas, o grupo Xigutsa Vuma, que dura pouco, mas marca a produção da chamada música ligeira moçambicana.
Entre as suas canções, abarcando temáticas de amor, crítica social ou activismo político, contam-se “Mamana Maria”, “Bilibiza”, “Xantima ibodlela”, “Magubane”, “Gungula nhautomi”, “Sambrowera fandanga”, entre outras.
A canção “Xantima ibodlela”, tida como apelo à reconciliação, gravada na década de 1980, em plena guerra civil em Moçambique, foi banida das emissões de rádio. Nela, o cantor convidava as partes em guerra (Frelimo e Renamo) a trocarem as armas pelo diálogo, o que veio a acontecer em 1992, em Roma, depois de um milhão de mortes e muita destruição.
O amante da música via no país muito talento, mas pouco investimento.
Além de cantar, Muhamad, que era também formado em pintura decorativa, foi actor de cinema, com participação na longa-metragem Tempo dos Leopardos, uma produção de 1985.
Na política, Salimo Muhamad foi deputado da Assembleia Municipal da Matola, como membro do partido MDM.