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Morreu Gabar Mabote

Cantor e compositor morreu sábado à noite, no Hospital Geral José Macamo. Restos mortais vão a enterrar esta terça-feira, no cemitério de Lhanguene, na cidade de Maputo.

 

30 anos depois de começar a gravar as suas composições nos estúdios da Rádio Moçambique, Gabar Mabote finalmente conseguiu lançar o tão almejado álbum. Ao mesmo, constituído por 14 músicas, intitulou Unganipoile. A cerimónia de lançamento aconteceu há dois, no bairro Malhazine, onde vivia, e, curiosamente, foi mais ou menos a essa altura que o autor começa a ter complicações de saúde.

Chegou o ano de 2019. Como no anterior, o compositor e guitarrista frequentou os hospitais com alguma regularidade. Sempre na tentativa de prolongar a vida, e, com isso, continuar a cantar as suas afamadas “Dana ndzole”, “Helenane”, “Lhupeco” ou “Djokotane”, músicas que o consagraram noutros tempos. Às vezes recuperou. Noutras a doença mostraou-se mais acutilante. E casmurra. Por isso, ao fim de dois anos de altos e baixos, Gabar Mabote teve uma recaída na passada quinta-feira. Nesse dia, foi levado ao Hospital Geral José Macamo, na cidade de Maputo, onde ficou internado por 48 horas. Na noite de sábado, entretanto, frágil e com os 62 anos a pesarem-lhe as costas, Gabar Mabote não resistiu mais. Partiu para longa viagem, deixando para trás tantas outras composições não gravadas.

Os restos mortais do autor de Unganipoile vão a enterrar esta terça-feira, às 14 horas, no Cemitério de Lhanguene, na cidade de Maputo. 30 minutos antes, familiares, amigos e apreciadores da música de Gabar Mabote irão se juntar para o último adeus, na capela do mesmo cemitério.

 

O PERCURSO E O AMOR PELO CINEMA 

A 10 de Agosto de 1957, na então Lourenço Marques, hoje Maputo, nasceu o primeiro de 10 filhos do casal Jaime Simbine e Teresa Manjate. Baptizaram-no com o nome Enoque Jaime Simbine, que foi crescendo como todas as crianças do seu tempo.

A partir da adolescência, Enoque Jaime Simbine começa a frequentar cinemas, ao mesmo tempo que o amor pela música se consolidava. Apaixonou-se pelo cinema indiano. Um dos filmes mais marcantes para Enoque foi Sholay (1975), do realizador Ramesh Sippy. Como que amor à primeira vista, naquela produção cinematográfica, o compositor e guitarrista identificou-se com o personagem Gabbar Singh, interpretado pelo actor indiano Amjad Khan. Então, quando chegou o momento de escolher um nome artístico, depois de se ter notabilizado num dos programas do falecido apresentador de TV Victor José, Enoque preferiu Gabar Mabote. O primeiro em homenagem ao seu personagem preferido e, o segundo, como tributo à terra natal da família, Mabote, distrito de Inhambane.

Gabar Mabote deixa viúva e cinco filhos.

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