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Morreu Daviz Mbepo Simango 1964-2021

O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e edil da cidade da Beira, Daviz Mbepo Simango, perdeu a vida, esta segunda-feira, na África do Sul, vítima de doença.

A morte do político, também membro do Conselho de Estado, foi confirmada “O País” pelo secretário-geral do MDM, José Domingos Manuel.

Há dias que Daviz Simango não gozava de boa saúde. No dia 13 de Fevereiro corrente, foi levado de emergência para África do Sul.

Em 1997, Daviz Simango aderiu à Renamo, principal partido da oposição em Moçambique. Por este partido, ele concorreu à presidência da cidade de Beira, em 2003, e conseguiu eleger-se.

A 20 de Setembro de 2008, ainda presidente do município da Beira, Daviz Simango, foi expulso da Renamo, por se candidatar como independente às eleições autárquicas de 19 de Novembro do mesmo ano.

O malogrado apresentou a sua formação política na Beira, onde foi eleito presidente, através da votação. Na altura, acumulou a pasta de secretário-geral enquanto o partido se organizava.

Em Março de 2009, o político fundou um novo partido, MDM, pelo qual concorreu como candidato presidencial nas eleições de Outubro de 2009. De lá a 2019, não parou de tentar chegar à Ponta Vermelha.

Licenciado em engenharia civil pela Universidade Eduardo Mondlane, Daviz Simango foi igualmente membro do Partido de Convenção Nacional (PCN).

Em 2013, foi reeleito presidente do Conselho Autárquico da Beira. Em 2018, Daviz voltou a concorrer pelo MDM, tendo repetido a façanha de se eleger, sobre a Frelimo e a Renamo.

Daviz Simango cumpria o quarto mandato como edil da Beira.

A sua morte não abre espaço para a realização de eleições intercalares. O autarca será substituído pelo segundo membro da lista que venceu o escrutínio em 2018, na Beira, de acordo com a lei que estabelece a implantação das autarquias locais e a eleição dos titulares dos respectivos órgãos.

Daviz nasceu no dia 7 de Fevereiro de 1964, na Tanzânia. Ele é filho de Uria Simango, ex-vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique.

Através da sua conta no Facebook, o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, reagiu à morte de Daviz afirmando que este “soube estar na política e contribuiu para fortalecer a nossa democracia”.

 

“MOÇAMBIQUE PERDE UMA DAS VOZES MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA POLÍTICA” 

 

Em vida, Daviz Simango “contribuiu sobremaneira para a consolidação da nossa democracia, através da sua dedicação à vida política e social do país, quer como líder partidário assim como membro do Conselho do Estado”, considera o Presidente da República, Filipe Nyusi, em mensagem endereçada à família do político.

“Foi com sentido de profundo pesar que recebemos a triste notícia do falecimento, por motivo de doença, do engenheiro Daviz Simango, presidente do Conselho Autárquico da Cidade da Beira, presidente e fundador do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e membro do Conselho do Estado”, diz o Chefe do Estado.

Segundo Filipe Nyusi, desde que foi acometido pela doença, “sempre estivemos esperançosos na sua recuperação. Com a sua partida prematura, Moçambique perde umas das vozes mais importantes da história política recente do país”.

As contribuições do presidente do MDM e autarca da Beira criaram novos valores no espaço político nacional, que “nos deram um grande avanço na consolidação da convivência pacífica e harmoniosa entre os moçambicanos”, acrescenta Nyusi e termina endereçando à família Simango, aos munícipes da Beira e aos membros do MDM, “as mais sentidas condolências”.

 

DAVIZ FOI “UM FERVOROSO DEFENSOR DA GOVERNAÇÃO DEMOCRÁTICA”, MIRKO MANZONI

O enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para Moçambique e presidente do Grupo de Contacto para a paz, Mirko Manzoni, não ficou indiferente à morte de Daviz Simango. Diz que “foi com choque e tristeza que tomou conhecimento” do infortúnio.

“O senhor Simango foi um fervoroso defensor da governação democrática, dedicando a sua vida ao serviço público. O presidente do Conselho Autárquico da Beira, desde 2003, promoveu o desenvolvimento sustentável e liderou os esforços de reconstrução após a devastação provocada pelos ciclones Idai e Eloise”, escreve Mirko Manzoni.

Como membro fundador do partido MDM, em 2009 contribuiu para o “alargamento do espaço democrático no país e mostrou-se um defensor firme do processo de paz”.

Durante as negociações para a paz, Daviz reuniu-se regularmente com os líderes da Frelimo e da Renamo e encorajou o diálogo inclusivo como via para se alcançar uma paz efectiva, segundo Manzoni.

PARA A FRELIMO “NÃO MORREU A DEMOCRACIA MOÇAMBICANA”, MAS SIM UM LÍDER

O partido Frelimo lamenta a morte de Daviz Simango mas entende que a mesma não representa fragiliza a democracia.

“Perdeu a vida um moçambicano, um dirigente destacado na arena política nacional. Gostaríamos de recordar que Daviz Simango vinha desempenhando um papel profundo na consolidação da democracia moçambicana, através da participação directa em vários processos para além de outras formas de contribuição que ele foi dando como membro do Conselho do Estado e na liderança do município da Beira”, apontou Roque Silva, secretário-geral do partido Frelimo.

Por estas e outras qualidades, a formação política no poder considera que não foi só a família Simango ou o MDM que perderam com morte do político, mas sim “perdeu a família moçambicana, por ter deixado de existir um dos dirigentes políticos que vinha dando a sua contribuição na consolidação do processo democrático deste país, condição fundamental para a preservação da paz”.

“Quando se perde o dirigente de um partido, certamente isto preocupa-nos bastante e é por essa razão que a nossa mensagem” é de que “a família MDM encontre um espaço para recuperar energias para enfrentar os desafios que se seguem. Não morreu a democracia moçambicana, perdemos um líder. Razão do nosso sentimento e da nossa convicção de que a democracia sempre continuará”, defendeu Roque Silva.

“ELE TRABALHOU ARDUAMENTE E FEZ OUVIR A SUA VOZ”, ANDRÉ MAGIBIRE

“Lamentamos, profundamente, a morte do engenheiro Daviz Simago. Quando saiu do nosso partido [a Renamo], fundou o MDM. Ele trabalhou arduamente e fez ouvir a sua voz. Essa morte colheu-nos de surpresa. Por isso, endereçamos as nossas mais profundas condolências à família e aos membros do Movimento Democrático de Moçambique. Como membro do partido Renamo e como Presidente do MDM, o engenheiro Daviz Simango fez muito por este país e temos que respeitar isso. Quando dirigiu o município da Beira, pela Renamo, a cidade tinha problemas críticos de fecalismo a céu aberto, mas sob sua gestão, esse problema foi resolvido”.

“LEMBRO DAS VEZES QUE PRIVÁMOS E ELE”,  RAÚL DOMINGOS

“É com profundo choque e consternação que recebi esta informação. Estivemos a acompanhar a evolução do seu estado de saúde. Estávamos animados com as informações que davam conta da sua melhoria, para, de repente, recebermos esta triste informação. Trata-se de uma perda irreparável para o MDM, para o município da Beira e para a política moçambicana, com destaque para a oposição, pois Daviz Simango era uma voz muito activa. Lembro das vezes que privámos e ele sempre destacava a necessidade de nós, como oposição, sermos unidos para acabar com a hegemonia do partido no poder, a Frelimo”.

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