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Moradores de rua reinventam-se e criam nova “favela” na Avenida Marginal 

Cerca de 500 pessoas vivem na rua na Cidade de Maputo. Na busca por um lugar para passar o dia e a noite, estão a surgir, a cada dia que passa “favelas” onde vivem essas pessoas, na Avenida Marginal há pelo menos 20 jovens, que construíram lá suas cabanas. 

Com o corre-corre do dia-a-dia, a nova “favela” em surgimento, passa despercebida para alguns, mas quem presta atenção, ao entrar para a baixa da cidade através da Avenida Marginal, logo após o Hotel Southern Sun, consegue com facilidade identificar o local. 

As plantas até escondem, mas no meio delas são visíveis as cabanas improvisadas, feitas à base de plástico, saco e paus. Há lixo no local e é visível a promiscuidade mesmo a céu aberto e durante a luz do dia! 

A situação pode escapar a vista de quem passa por ali, até porque o lugar é privilegiado: vista para o mar e em frente a edifícios luxuosos… 

os moradores do local, sao jovens na sua maioria do sexo masculino, de quando em vez, uma e outra mulher ee avistada no local, sao as parceiras dos residentes, mas nao vivem la, vao apenas assar alguns dias e visitar. outras vivem em lares condignos. 

“O País” conversou com os jovens, Vasco Machava é um dos moradores, tem 25 anos e há cinco vivem naquele local. 

“Eu vivia no bairro central com a minha mãe, depois consegui um emprego e fui arrendar uma casa, na altura ela foi viver em Portugal, eu trabalhava numa empresa de iogurte, fazia entregas nos supermercados, mas perdi o emprego, fiquei sem ter como pagar as contas e vim parar aqui, para não roubar e fazer coisas erradas”, contou Vasco. 

Além dele, vive naquele local, há quatro anos,  Edmilson Mutola que contou que chegou lá depois de desentendimentos com a família, era ladrão e usuário de drogas, decidiu mudar de vida e tem naquele local um espaço de reabilitação. 

Durante o dia recolhe material reciclável para vender, é lavador de carros e também vende cigarros e recargas telefônicas, um dinheiro que segundo o jovem serve para se manter, mas ainda assim vive na rua, apesar das condições. 

“Aqui vivemos a maneira, conseguimos comprar roupa, comida e conseguimos ter o básico, o problema é quando chega o inverno e também, com o banho, tomamos banho na praia, as vezes pedimos os seguranças por volta das três ou quatro horas da madrugada, vamos tirar água  com estes recipientes e tomamos banho aqui”, descreveu Edmilson. 

Os jovens afirmam que não são um perigo para sociedade, apesar dos seus “vizinhos da frente” acharem o contrário, como descreve, também, o município de Maputo, na voz da directora Municipal da Acção Social, Gilda Samuel. 

“Eles são um perigo sim, pois vivem naquelas condições, em caso de fome podem assaltar as pessoas que passam por ali, alguns são usuários de drogas que para alimentar a sua dependência podem ter acções perigosas, contra quem está por perto”. 

Por essa razão, a directora explicou que há ações em curso para tirar as pessoas desses e outros locais, apesar de alguma resistência.

“Este ano e nos anos passados trabalhamos com a polícia municipal e a polícia de protecção para desactivar estas cabanas e consciencializar as pessoas para voltarem às suas casas, eles saem por algum tempo, mas depois voltam isso porque não temos agentes da polícia a controlarem aqueles locais a tempo inteiro, e temos que voltar a passar sempre pelo mesmo processo”, disse. 

Na manhã deste sábado, os moradores deste “pequeno  bairro novo” tiveram uma surpresa inesperada da polícia, onde sete cabanas foram queimadas e destruídas. Como consequência  os moradores perderam parte dos seus bens, falam de roupas, cobertores, alguns utensílios domésticos e material de trabalho. 

Eles confirmam que esta é a quarta-vez que isto acontece. Durante a conversa com Edmilson Mutola e seus amigos, nos foi revelado que, mensalmente, conseguem fazer mais de 10 mil meticais, entretanto, na sua optica, o valor não é suficiente para terem uma casa. 

Eles dizem que só podem sair da rua quando conseguirem um trabalho “condigno” pois eles já trabalharam e têm arte nas mãos. 

“Eu sei fazer muita coisa, trabalho com decoração de casa exterior e interior, damazzini, barramento, tijoleira, tecto falso, já fiz muitas obras na cidade de Maputo, se eu tivesse uma nova chance de ter um emprego que me ajudasse a pagar uma casa, voltaria sem problemas”, sublinhou Edmilson, o morador de rua.

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