Moradores do bairro Maxaquene, na Cidade de Maputo, estão agastados com o elevado índice de criminalidade, criado pela situação da Escola Primária Unidade 24. Abandonada em 2017, a instituição de ensino tornou-se num local de concentração de malfeitores.
A Escola Primária Unidade 24, situada ao longo da Avenida Milagre Mabote, na Cidade de Maputo, é um dos lugares mais temidos no bairro da Maxaquene. A infra-estrutura, já degradada, depois de abandonada há mais de cinco anos, tornou-se preferencial para os malfeitores, que, à calada da noite, aterrorizam quem circula pelas redondezas.
José Maria é morador do bairro Maxaquene há mais de 20 anos e conta que, vezes sem conta, ouviu relatos de assaltos naquela zona.
“Este local é um quartel de bandidos. As pessoas não podem passar por aqui às cinco horas da manhã, porque correm risco de morte”, lamentou José Maria e acrescentou que o problema se torna cada vez mais sério, pois “as nossas esposas, que saem de casa para o trabalho logo de madrugada, devem ser sempre acompanhadas”.
Para as mulheres, a situação é mais alarmante. Por temerem violações, preferem usar vias alternativas, tal como explica Lina Flávia, residente naquela zona.
“É um sítio muito perigoso. Há muitos moços estranhos, que se concentram por aqui, nas madrugadas. Isso nos assusta muito, porque, às vezes, eles nos saúdam e, por medo do que possam fazer, temos que lhes corresponder, para evitar qualquer tipo de violência”, explicou Flávia.
O que eram salas de aula, gabinetes e balneários são, hoje, ruínas que albergam moradores de rua. Um local irreconhecível para Luísa Varode, que fez o ensino primário naquela Unidade de Ensino.
“Depois de encerrarem a escola, algumas pessoas de conduta duvidosa começaram a frequentar o local só para se drogarem. Até mendigos dormem aqui. As pessoas nem passam desta escola porque têm medo ”, lamentou Luísa Varode, antiga aluna da EPC Unidade 24.
O pátio, que, até ao fim de 2016, era preenchido por crianças uniformizadas, transformou-se em local de depósito de lixo e de fecalismo a céu aberto, o que coloca em causa a saúde pública.
“Da forma como está a infra-estrutura, abandonada, todo o mundo vem deitar água suja e lixo”, justificou Lina Flávia.
Já agastado com a situação, José Maria propõe uma solução: “caso o governo não tenha dinheiro, há vários comerciantes que podem ocupar este espaço com as suas lojas. Não custa nada entregar a escola aos empresários, em vez de criar lixo e bandidos. Isto está cheio de capim e cobras”, explicou.
Falando ao País, Samuel Menezes, porta-voz dos Serviços Sociais do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), fez saber que as preocupações daqueles moradores já estão com os dias contados, na medida em que já existe um plano de requalificação da Escola Primária Unidade 24 e falta apenas financiamento para o arranque das obras.
“Ao nível do MINEDH, há um trabalho que já foi iniciado, no sentido de termos financiamento através do fundo de apoio ao sector. Neste caso, o que falta é apenas uma luz verde. Já temos a planta redesenhada”, disse Menezes.
Conforme explicou o porta-voz, o elevado nível de lençol freático obrigou ao encerramento daquela unidade de ensino, em 2017.
“O que se deve fazer são aterros para elevar o nível, de modo que as águas não entrem na escola, mas sim na vala”, concluiu Samuel Menezes, porta-voz dos Serviços Sociais do Ministério da Educação.