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Moradores de Hulene “B” vivem drama do lixo e doenças

“Desejo tudo de bom para o meu filho e para nos também, os residentes deste bairro”. Ela não pede muito, apenas o básico: habitação condigna consagrada na Constituição da República. “Gostava que o governo nos ajudasse a sair daqui e a construir novas casas”. O sonho é de Cecília Américo, jovem mãe de 20 anos de idade que encontrámo-la com o pequeno Frank no colo, de apenas 3 semanas de vida, com as pernas submersas nas águas turvas que vêm da lixeira e inundam a sua residência.

O quarteirão 58 do bairro Hulene “B” não foi atingido pelo monte de lixo que matou 17 pessoas na última segunda-feira, mas as noites passaram a ser de pesadelo, conta Otília Fernando, uma das moradoras. “Nós não dormimos. Quando vimos o que aconteceu naquelas casas não conseguimos mais dormir dentro das casas”.

São casas que estão separadas dos elevados montes de lixo por apenas um caminho, por isso, desde que houve aquele desabamento, os dias passaram a ser de incerteza e desconfiança, acrescenta Pinto Carlos. “Por exemplo, quando começou a chover tivemos que sair para ver qual é o cenário da lixeira porque temos familiares que morreram naquela tragédia”.

E eles não temem apenas novos deslizamentos de lixo, como também a eclosão de doenças. Aliás, uma realidade que convivem com ela há anos, anota Tina Langa, que vive naquele bairro informal há cerca de 20 anos.

“Passamos mal com mosquitos e doenças. Veja que mesmo o lixo hospitalar é despejado aqui na lixeira e é arrastado para o meu quintal. Mas não temos o que fazer.”

E sem muito que fazer, aquelas centenas de famílias vão continuar a viver naquele cenário porque para já o governo da cidade não avança com plano de reassentamento.

 

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