O bairro Abel Jafar é atravessado pela linha do Limpopo, por onde passam comboios de mercadoria e de passageiros. Nas manhãs de dias úteis, o comboio apita, os passageiros aproximam-se à linha-férrea e, quando a locomotiva pára, os passageiros entram nas carruagens sem a observância de mínimas condições de segurança ou protecção.
Silvestre Mbalate conta ao jornal “O País” que os moradores do bairro embarcam com dificuldades e, quando cai chuva, molham-se parados antes de apanharem o comboio.
Eduardo Moiane, também residente, aliás, nativo de Abel Jafar deplora as actuais condições a que está sujeito quando vai embarcar na automotora: “Se os Caminhos-de-Ferro [de Moçambique] tentassem melhorar as paragens… porque o que nós queremos são paragens. Agora, por exemplo, já estamos na época chuvosa; vamos molhar aqui. Se eles tentassem melhorar, ajudar-nos-iam”.
A Empresa Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique, CFM, promete resolver as preocupações dos habitantes e passageiros de Abel Jafar em trinta dias. As palavras são de Iolanda Ponpsiky, chefe dos transportes de passageiros na Empresa Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique.
“A curto prazo, estão previstas plataformas metálicas, que são para facilitar esse embarque e desembarque de passageiros. Estamos a dizer que, [daqui a] aproximadamente 30 dias, vamos ter essas plataformas já prontas. O que falta é assegurar que não vamos ter roubos das plataformas quando lá as deixarmos. É preciso fazer-se um trabalho de fixação dessas plataformas”, garantiu Ponpsiky.
No local onde embarcam e desembarcam passageiros, há um edifício que já foi usado pelos CFM, mas hoje está em ruínas, alberga cobras e marginais, que assaltam utentes à noite, o que é facilitado pela falta de iluminação pública.
Carlos Inguane fala de ocorrência de casos criminais, afectando, sobretudo, as mulheres, que pedem as bolsas na calada da noite: “É um sítio que dá para eles reabilitarem, como uma paragem condigna, porque isto é uma vergonha para o Governo”.
Para os CFM, há um interesse em reabilitar o edifício construído na era colonial, mas, para já, não é revelado o plano nem as datas: “A área de infra-estruturas tem um plano, sim, com este edifício. Ainda não posso anunciar, mas existe um plano. Tudo o que é infra-estrutura dos caminhos-de-ferro tem um plano, sim”.
O capim está a crescer à volta da linha-férrea e há lixo de várias origens, que é trazido para este local pelos próprios passageiros.
Enquanto a solução prometida num prazo de 30 dias não chega, o comboio vai continuar a apitar e os passageiros continuarão em insegurança.