A Colômbia, cognome com que é conhecido o bairro Militar, na capital do país, devido à comercialização de drogas, viveu, no sábado, momentos de tiroteio entre alguns residentes e a Polícia da República de Moçambique, durante uma alegada incursão de busca de estupefacientes. Não houve vítimas. Contudo, os moradores queixam-se de excesso de zelo por parte dos homens da lei e ordem.
Disparos, algumas pessoas em debanada e outras estupecfatas em lamentação é o que se veiculou, através de vídeos amadores nas redes sociais, na tarde do último sábado, quando a Polícia da República de Moçambique irrompeu pelo bairro Militar, vulgo Colômbia, para conter o negócio de drogas.
Uma cidadã identificada pelo nome de Ana Simone contou que os agentes da lei e ordem e alguns moradores não só trocaram tiros, como também houve arremesso de pedras da via pública para o interior de algumas habitações, onde a Polícia fazia rusgas. Perante a situação, a corporação viu-se forçada a disparar para o ar, de modo a dissuadir as pessoas.
“Balas entraram na minha banca e eu fugi. Fui ficar nas escadas. As coisas não podem ser assim. Confirmo que houve troca de tiros, conforme estão a ver nas redes sociais porque querendo como não confirmar, tudo já está nas redes sociais. Alguém lançou porque é aquilo que estava a acontecer”, sublinhou Ana Simone.
Os moradores entraram em pânico. “Eles quando chegam aqui (bairro Militar), atiram de qualquer maneira. Tem crianças aqui, bebés. Eles esqueceram até o chapéu porque foram agredidos pelos vizinhos porque estão cansados”, descreveu uma das testemunhas na condição de anonimato.
Pedem justiça para um problema que consideram ser antigo e que tem como protagonistas, os mesmos agentes. A alegação é a apreensão de drogas.
“Nós vivemos no primeiro andar e até na esquadra sabem que nós não vendemos drogas, mas mais de três vezes já vieram arrombar nossa porta e até hoje não nos dizem nada. A população estava a lançar pedras porque está cansada e a polícia apontava a arma directamente na cara da pessoa que quisesse. Imagina se tivesse baleado alguém? Nós estamos cansados”, disse a testemunha.
Na incursão deste sábado houve a detenção de um indivíduo que, supostamente, é filho da “baronesa”, e os vizinhos tentaram salvá-los das garras da Polícia. “Nós estávamos a lutar porque queríamos nosso irmão. Perguntámos o que se passava, mas só apertavam-no o pescoço e começaram a disparar. Se tivesse uma criança por perto, seria pior. Há marcas de balas em todos os cantos. Nós não temos arma, não sabemos como vamos nos defender, mas o que estão a fazer é muito feio. É a Polícia da 3ª esquadra está a fazer algo muito feio e não é a primeira vez”, apontou uma outra testemunha e residente no bairro Militar.
E por não ser a primeira vez, os moradores do bairro Militar pedem justiça, antes que o pior aconteça. “Não é normal que a droga entre aqui neste bairro (Militar). De onde passa? É a própria Polícia a trazer a droga. Se quiserem dinheiro, que venham para negociarmos. Todos nós estamos a sobreviver. Estamos a fazer bolada. Vamos sentar e negociar e não disparar de qualquer maneira. Um dia, vão morrer eles ou nós vamos morrer, mas nós não queremos assim. Vamos nos entender”, concluiu a testemunha do tiroteio.
Já a Polícia da República de Moçambique na capital do país confirma que houve tiroteio e prometeu para hoje, os esclarecimentos sobre o caso.